quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Conheça três mulheres com mais de 60 que transformaram a atividade física em um estilo de vida


Tomiko Eguchi treina todos os dias para disputar ultramaratonas
Todos os dias, às cinco horas da manhã, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, Tomiko Eguchi, de 60 anos, começa a suar seu uniforme de trabalho.

Desde que deixou as seringas e os plantões noturnos nos hospitais, Tomiko investe nos treinos para ultramaratonas.

A atividade física, entretanto, demorou a ocupar espaço na rotina. Por orientação médica, ela deveria investir em alguma modalidade que lhe ajudasse a controlar o colesterol, doença herdada da família, e a osteoporose. Quatro anos se passaram sem que Tomiko fizesse algum movimento contra o sedentarismo.

De lá pra cá, são quase 200 maratonas e mais de 50 troféus. Dedicada, ela revela que treina duas horas por dia, todas as manhãs. Aos finais de semana, a intensidade triplica. “Chego a correr oito horas, aos sábados e domingos, quando estou me preparando para competir. Em uma competição, já corri 48 horas e 14 minutos, parando apenas para um lanchinho”, diverte-se ela.

A simples recomendação médica, ao longo dos anos, rendeu à atleta – além de prêmios e um corpo enxuto – fôlego, força, equilíbrio e qualidade de vida incompatíveis com o perfil traçado pelo senso comum para as senhoras da terceira idade. Tomiko tem uma verdadeira predileção por ultramaratonas. O objetivo, além do condicionamento, é o desafio.

“Gosto de aventuras, superar limites. Na minha idade não conseguimos evoluir em velocidade, mas em resistência. Esse é o desafio.”

Raimundo de Santana Santos é instrutor de Tomiko há mais de quatro anos. Na opinião do professor, a aluna é capaz de deixar muita jovem de 20 anos a quilômetros de distância. Os cuidados, porém, são maiores. Para que a atleta tenha condicionamento físico, Santos investe na musculação e no alongamento. Além disso, a aposentada repete, duas vezes ao ano, todos os exames de rotina. Um check up completo.


A parceria entre idade avançada e atividade física pode render, além da diminuição de dores e do aumento do condicionamento físico, poder de sedução e autoconfiança. Engana-se quem acredita que o "olhar 43" está limitado às jovens. Camila Forjaz, 61, é aluna de dança flamenca há quatro anos.

Dedicada, a relações públicas da USP, agora aposentada, não poupa elogios à modalidade e aponta os ganhos obtidos com a prática.

“Já sou magra, mas a dança me deu postura, elegância, além de pernas e braços mais fortes e desenhados.”


De fato, a modalidade parece ter um benefício psicológico bastante elevado. Balançar a saia preta e vermelha, fazer movimentos fortes com os pés e leves com as mãos, além de trabalhar as articulações e o equilíbro, impõe uma sensação de superioridade feminina.


A dança flamenca, assim como a corrida, é altamente indicada para aliviar os sintomas da osteoporose. O impacto dos pés no chão deve ser leve. Quem faz o barulho é o sapato, não a força. “É deixar o peso da perna no chão. Esse movimento estimula o cálcio a sedimentar nos ossos, combatendo a doença", ensina Denise. Além disso, ela pontua que os movimentos com as mãos são ótimos para aliviar dores provocadas pela artrite e pela artrose.

"Funciona como uma espécie de fisioterapia, ajuda a alongar e esticar os tendões."

Formado majoritariamente por mulheres, elas não balançam as saias, tampouco sobem montanhas. As dez senhoras são convidadas pela instrutora, Lidia Leite, de 78 anos, a enraizar os pés no chão e puxar toda a energia da terra. Em seguida, exercícios chamados de “massagear a nuvem” ou “abraçar a árvore” são responsáveis por estimular o equilíbrio e alongar todos os membros do corpo.

A aula de tai chi chuan requer concentração, calma e equilíbro. O grupo trabalha seus limites individuais, aprendem a respirar corretamente e ter consciência corporal. Dona Eulália, de 75 anos, é a primeira a relatar o fim das dores na coluna e no ciático, desde que se tornou frequentadora assídua das aulas de Lídia. Rapidamente, as demais senhoras, cada qual com seu benefício para expor, exaltam a qualidade da técnica.

Além de dar aulas para as amigas católicas, Lidia é aluna da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan. “Pratico de quatro a cinco vezes por semana.” Segundo os médicos, a filosofia de vida e os exercícios dessa técnica são, de fato, extremamente positivos para a terceira idade.

Francisco Torggler Filho, geriatra do Hospital Sírio Libanês de São Paulo estimula seus pacientes a procurar uma atividade física, e tem o tai chi como uma das primeiras indicações.

“Todo exercício é benéfico e deve ser valorizado. É preciso que cada um encontre a modalidade que terá condições de encarar com seriedade, disciplina e prazer.”

Para o geriatra, a proposta, além de correr do sedentarismo e elevar o bem-estar dos mais idosos, usa o exercício para blindar o organismo. Torggler explica que deve-se priorizar atividades que trabalhem a parte aeróbia, o equilíbrio, a força e alongamento.

“Com esses quatro pontos bem exercitados, é possível reduzir o risco de queda, trabalhar a saúde mental, diminuição das chances de infarto, derrame, além de ajudar no controle da pressão arterial.”

Fonte: Lívia Machado, iG São Paulo

Parabéns a elas, e que tenha servido de inspiração a você!
Uma ótima semana.

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