Todos os dias, às cinco horas da manhã, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, Tomiko Eguchi, de 60 anos, começa a suar seu uniforme de trabalho.
Desde que deixou as seringas e os plantões noturnos nos hospitais, Tomiko investe nos treinos para ultramaratonas.
A atividade física, entretanto, demorou a ocupar espaço na rotina. Por orientação médica, ela deveria investir em alguma modalidade que lhe ajudasse a controlar o colesterol, doença herdada da família, e a osteoporose. Quatro anos se passaram sem que Tomiko fizesse algum movimento contra o sedentarismo.
De lá pra cá, são quase 200 maratonas e mais de 50 troféus. Dedicada, ela revela que treina duas horas por dia, todas as manhãs. Aos finais de semana, a intensidade triplica. “Chego a correr oito horas, aos sábados e domingos, quando estou me preparando para competir. Em uma competição, já corri 48 horas e 14 minutos, parando apenas para um lanchinho”, diverte-se ela.
A simples recomendação médica, ao longo dos anos, rendeu à atleta – além de prêmios e um corpo enxuto – fôlego, força, equilíbrio e qualidade de vida incompatíveis com o perfil traçado pelo senso comum para as senhoras da terceira idade. Tomiko tem uma verdadeira predileção por ultramaratonas. O objetivo, além do condicionamento, é o desafio.
“Gosto de aventuras, superar limites. Na minha idade não conseguimos evoluir em velocidade, mas em resistência. Esse é o desafio.”
Raimundo de Santana Santos é instrutor de Tomiko há mais de quatro anos. Na opinião do professor, a aluna é capaz de deixar muita jovem de 20 anos a quilômetros de distância. Os cuidados, porém, são maiores. Para que a atleta tenha condicionamento físico, Santos investe na musculação e no alongamento. Além disso, a aposentada repete, duas vezes ao ano, todos os exames de rotina. Um check up completo.
A parceria entre idade avançada e atividade física pode render, além da diminuição de dores e do aumento do condicionamento físico, poder de sedução e autoconfiança. Engana-se quem acredita que o "olhar 43" está limitado às jovens. Camila Forjaz, 61, é aluna de dança flamenca há quatro anos.
Dedicada, a relações públicas da USP, agora aposentada, não poupa elogios à modalidade e aponta os ganhos obtidos com a prática.
“Já sou magra, mas a dança me deu postura, elegância, além de pernas e braços mais fortes e desenhados.”
De fato, a modalidade parece ter um benefício psicológico bastante elevado. Balançar a saia preta e vermelha, fazer movimentos fortes com os pés e leves com as mãos, além de trabalhar as articulações e o equilíbro, impõe uma sensação de superioridade feminina.
A dança flamenca, assim como a corrida, é altamente indicada para aliviar os sintomas da osteoporose. O impacto dos pés no chão deve ser leve. Quem faz o barulho é o sapato, não a força. “É deixar o peso da perna no chão. Esse movimento estimula o cálcio a sedimentar nos ossos, combatendo a doença", ensina Denise. Além disso, ela pontua que os movimentos com as mãos são ótimos para aliviar dores provocadas pela artrite e pela artrose.
"Funciona como uma espécie de fisioterapia, ajuda a alongar e esticar os tendões."
Formado majoritariamente por mulheres, elas não balançam as saias, tampouco sobem montanhas. As dez senhoras são convidadas pela instrutora, Lidia Leite, de 78 anos, a enraizar os pés no chão e puxar toda a energia da terra. Em seguida, exercícios chamados de “massagear a nuvem” ou “abraçar a árvore” são responsáveis por estimular o equilíbrio e alongar todos os membros do corpo.
A aula de tai chi chuan requer concentração, calma e equilíbro. O grupo trabalha seus limites individuais, aprendem a respirar corretamente e ter consciência corporal. Dona Eulália, de 75 anos, é a primeira a relatar o fim das dores na coluna e no ciático, desde que se tornou frequentadora assídua das aulas de Lídia. Rapidamente, as demais senhoras, cada qual com seu benefício para expor, exaltam a qualidade da técnica.
Além de dar aulas para as amigas católicas, Lidia é aluna da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan. “Pratico de quatro a cinco vezes por semana.” Segundo os médicos, a filosofia de vida e os exercícios dessa técnica são, de fato, extremamente positivos para a terceira idade.
Francisco Torggler Filho, geriatra do Hospital Sírio Libanês de São Paulo estimula seus pacientes a procurar uma atividade física, e tem o tai chi como uma das primeiras indicações.
“Todo exercício é benéfico e deve ser valorizado. É preciso que cada um encontre a modalidade que terá condições de encarar com seriedade, disciplina e prazer.”
Para o geriatra, a proposta, além de correr do sedentarismo e elevar o bem-estar dos mais idosos, usa o exercício para blindar o organismo. Torggler explica que deve-se priorizar atividades que trabalhem a parte aeróbia, o equilíbrio, a força e alongamento.
“Com esses quatro pontos bem exercitados, é possível reduzir o risco de queda, trabalhar a saúde mental, diminuição das chances de infarto, derrame, além de ajudar no controle da pressão arterial.”
Fonte: Lívia Machado, iG São Paulo
Parabéns a elas, e que tenha servido de inspiração a você!
Uma ótima semana.
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