Estudo canadense relaciona mudança nos hábitos alimentares com queda de 13% no risco cardíaco
Uma política de saúde pública adotada no Canadá trouxe à tona uma equação simples e de bom resultado. Há dez anos, o departamento de saúde canadense incentiva a população a consumir um limite máximo de 1,8 gramas de sódio por dia. Para chegar à meta, em geral, era preciso retirar do cardápio duas colheres de sopa de sal da alimentação diária. O efeito é classificado como “impressionante” e inspirou os médicos brasileiros.
“Os dados mostram que a redução do sal e do sódio promoveu uma diminuição de 13% das mortes por doenças coronarianas, 8% o número de infarto e 12% os acidentes vasculares cerebrais”, afirmou o presidente do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Carlos Alberto Machado. “Montamos um comitê brasileiro semelhante ao canadense e queremos chegar a esta meta”, completou o especialista, durante a sua apresentação no Congresso Brasileiro de Cardiologia, em Belo Horizonte.
Segundo vários estudos, o brasileiro consome em média 4,7 gramas de sódio por dia, duas vezes mais do que o máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 2,3 g. Este padrão alimentar exagerado no sódio está por trás dos custos de internação de pacientes cardíacos no Brasil – que são de 699,8 milhões por ano e outros R$ 241,4 milhões para custear doentes de acidente vascular cerebral.
Uma pesquisa do Ministério da Saúde divulgada em 2008 mostrou que uma dieta equilibrada, sozinha, poderia evitar 48.941 mortes por AVC, 47.456 óbitos de doenças no coração. A receita? As mesmas duas pitadas a menos de sal em cada refeição.
Nem tudo é salgado
Além de conscientizar as donas de casa e as pessoas em geral a não usarem o saleiro para “reforçar” o gosto da comida – uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da USP apontou que o arroz é o alimento mais carregado de sal – a nutricionista especializada em doença cardíaca, Cristina Kovacs, diz que a população precisa aprender quais são as fontes de sódio.“O sal é a principal fonte de sódio, mas essa substância inimiga do coração também está em outros produtos, alguns nem com sabor salgado”, afirma.
Ela fez um levantamento em meio deste ano com 1.288 pacientes hipertensos do Instituto do Coração (Incor) – que não conseguiam regular a pressão em níveis normais – e identificou que 93% deles não usavam saleiro à mesa. Ao mesmo tempo, 91% deles também não liam os rótulos dos alimentos e consumiam sódio sem nem saber.
O sódio é a composição quase que total de refrigerantes, congelados, molhos de tomate e até chás verdes industrializados, além dos embutidos e carnes. “O nosso trabalho agora é focado em ensinar estes pacientes a ler os rótulos e melhorar a alimentação”, diz Cristina.
Mecanismo de ação
A explicação para o sódio transformar o coração em uma bomba relógio é que para o organismo excretar o sal, necessariamente, é preciso elevar a pressão arterial. Quanto maior o consumo, maior a pressão. Em três anos, a parcela de portadores de pressão alterada cresceu no país de 21% para 24%. Hoje, de acordo com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, são 30,2 milhões de brasileiros hipertensos
Fonte: Fernanda Aranda IG
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