sábado, 26 de abril de 2014

Eficiência no nado crawl


Quem de nós, nadadores ou triatletas, nunca sentiu a sensação de estar “patinando” na água durante um treino ou uma prova? Aquela terrível sensação de estar fazendo força e não sair do lugar, ou pior fazer muitas braçadas e não sair do lugar. Esta sensação é mais comum do que pensamos e todos, amadores e profissionais, de vez em quando passam por essa situação.

Essa sensação pode ser causada por dois fatores: a fadiga muscular ou a execução dos movimentos de uma forma não eficiente.
O primeiro fator geralmente não pode ser evitado. Dependendo do tempo e da intensidade em que se esta nadando. Quanto maior a velocidade de nado mais rápido se chegará à fadiga. Vamos entender por fadiga a exaustão, que reduz a força e limita a qualidade dos movimentos.
O segundo fator é bem mais mensurável e possível de controlar, já que todos podemos sempre melhorar um pouco nosso gesto técnico.

Em ambos os casos o nadador perde eficiência.

Ser eficiente, no caso da natação, é percorrer uma distância usando um menor número de braçadas. Por exemplo: um nadador que percorre 25m executando 25 braçadas tem uma eficiência de 1 metro por braçada, ou seja, cada braçada executada desloca seu corpo em um metro. Se o mesmo nadador passa a percorrer os 25m executando agora 20 braçadas, sua eficiência passa a ser de 1,25m por braçada, uma melhora de 25%.

Como esta sua eficiência? Veja alguns valores e perceba onde você se encaixa (25 metros Crawl):

Acima de 25 braçadas – pode melhorar
de 20 a 24 braçadas – bom
de 16 a 19 braçadas – muito bom
de 12 a 15 braçadas – excelente

Esta melhora na eficiência faz com que, em baixas e médias intensidades, o nadador consiga poupar energia para percorrer distâncias maiores.
A pergunta que muitos devem estar se fazendo agora é a seguinte: como faço para melhorar minha eficiência? De uma maneira geral podemos abordar dois pontos na resposta desta pergunta;

1- Aumento de força dos membros superiores;

2- Exercícios de correção de técnica, principalmente de percepção e finalização de braçada.

O aumento de força talvez seja mais simples de se obter em relação a melhora técnica, já que o ganho de força esta relacionado a exercícios localizados e de sobrecarga progressiva como a musculação. Porém é importante ressaltar que o ganho de força adquirido na musculação, por exemplo, precisa ser transferido para água nos movimentos de braçada, e é exatamente neste ponto onde precisamos estar com a parte técnica mais apurada.

O aprimoramento técnico, geralmente, é desenvolvido com exercícios e movimentos do próprio nado. O professor tem papel fundamental neste momento, já que é ele quem esta fora da água e melhor pode observar os movimentos que estão sendo executados. No entanto, a consciência corporal e a habilidade que cada indivíduo têm com a natação são determinantes neste momento.
Vamos apresentar alguns exercícios que podem contribuir com a melhora em sua eficiência nas piscinas

1- Contar braçadas – Procure no inicio de cada aula, durante o aquecimento, contar quantas braçadas você faz em cada piscina. Perceba se este número se mantem constante ou vai aumentando conforme a distância percorrida. Procure na medida do possível, manter o número de braçadas. Se começar aumentar pare e descanse;

2- Finalização de braçada – o movimento final da braçada, ou seja, o movimento de extensão total do braço em direção à perna é a parte onde ocorre o maior deslocamento do corpo. Uma finalização de braçada bem feita é aquela onde o polegar “raspa” o meio da coxa. Mãos firmes e dedos unidos também contribuem em seu deslocamento;

3- Braçada unilateral – executar os movimentos de braçada com apenas um dos braços estimula o nadador a ficar atento aos seus movimentos e principalmente perceber se esta distribuindo a força de maneira igual entre os braços;

4- Nadar com palmar (plaqueta) – o palmar é um material de sobrecarga. Só terá efeito se, realmente o nadador perceber que é preciso fazer mais força para iniciar e finalizar a braçada quando estiver fazendo uso do equipamento. Conte suas braçadas com palmar! Sua eficiência tem deve ser maior com o uso deste equipamento

5- Nadar com as mãos fechadas – Não usar o apoio das mãos na execução das braçadas estimula o nadador a perceber que é possível obter deslocamento apenas como os braços. Mas também é importante perceber que as mãos tem papel fundamental no deslocamento, desde que as mesmas estejam firmes, com dedos unidos e a saída da mão após a braçada seja com a palma voltada para cima. Este exercício trabalha muito a parte de consciência corporal.

De uma maneira geral tentando aplicar estes cinco exercícios já é possível obter uma melhora significativa em sua eficiência. Lembre-se que cada vez que se faz uma mudança em um gesto técnico demora um pouco para que o cérebro assimile esta mudança. No começo é mais cansativo e parece que se desaprendeu a nadar. Tenha paciência, mantenha o foco e disciplina nos treinos e sempre tire dúvidas com seu professor. Agindo desta maneira com certeza você colherá ótimos resultados.



  Por : Prof. Marcos Balliana
Prof. Marcos R. Balliana
Prof. Marcos R. Balliana
Boas braçadas!!
 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Par perfeito na hora dos treinos Saiba como combinar treinos no mesmo dia sem comprometer o aproveitamento


Foto: Divulgação

Praticar três modalidades tão diferentes - nadar, pedalar e correr - não é tarefa fácil. O tempo do atleta precisa ser bem dividido – e ainda proporcionar intervalo suficiente para que o organismo se recupere entre as sessões, assimilando a atividade realizada. Para ajudar no planejamento diário, eis algumas dicas de especialistas como Amy Kuitse, técnica de triathlon de Boulder, no Colorado (EUA), e Jeff Gaudett, da Runners Connect, de Boston (EUA), para tirar o máximo proveito de cada treino.

Diferenças entre os esportes

Corrida e ciclismo exigem muito das pernas, já a natação demanda mais dos membros superiores e da capacidade aeróbica. O estresse muscular provocado pela corrida é maior que o causado por ciclismo ou natação. Por isso, é melhor combinar treinos de qualidade de natação e corrida ou ciclismo, evitando pedalar e correr forte no mesmo dia. Treinos duplos de uma mesma modalidade exigem estímulos distintos.

Forças e fraquezas

Todo triatleta tem uma modalidade na qual é mais fraco. Começar o dia com esse treino é uma boa. Assim, se mantém a técnica correta e maior intensidade no esporte que requer atenção.

Intensidade e recuperação

Comece o dia com a sessão mais forte, quando o corpo está descansado. Caso os treinos tenham horários fixos – treino de pista à noite, por exemplo -, é melhor evitar uma sessão concorrente no primeiro período. E cuide da recuperação: alimente-se bem durante e logo após os treinos e use técnicas como automassagem, crioterapia e roupas de compressão.

Combinações eficazes

Treino de Pista + Giro Leve de Ciclismo

O treino leve de ciclismo funcionará como sessão regenerativa, ajudando a “limpar” o ácido láctico estocado nos músculos após o treino intenso de corrida.

Corrida Longa ou Fartlek + Natação com séries aeróbicas longas

As pernas estarão pesadas, por isso tiros curtos na piscina seriam ineficientes. Séries em ritmo de prova (aeróbico intenso) exigirão mais da capacidade aeróbica do atleta e permitirão que os membros inferiores se recuperem.

Ciclismo com subidas + Rodagem de corrida

Mesmo não sendo um treino de transição, a corrida no final de um dia desgastante para as pernas ensinará o atleta a correr com pernas cansadas. O ritmo leve e a distância não muito longa evitarão lesões.

Combinações ineficazes

Intervalado de ciclismo + corrida com tiros em subidas

Cansado dos tiros de ciclismo do primeiro período, é provável que o atleta não consiga executar os tiros de corrida com a intensidade programada pelo técnico. A elevada exigência sobre a musculatura cansada também pode levar a lesões.

Corrida longa + Corrida intervalada

O chamado “Kenya Day” (corrida dupla) pode ser útil para aumentar o volume da semana, funcionando como um segundo treino longo sem o desgaste excessivo. No entanto, é importante que a sessão mais intensa e longa seja a primeira, evitando a perda de performance ao longo do dia.

Fuja do tumulto da natação- Saiba como contornar as boias longe do aperto e sem perda de tempo

 Daniel Balsa

 
Natação pode ser o momento mais tenso e tumultuado do triathlon - Foto: Shutterstock

A natação é, sem dúvida, o momento mais tenso e tumultuado em uma prova de triathlon, com aquele mundaréu de gente aglomerada buscando a melhor posição na largada. Mas essa “confusão” não se limita ao início. No momento de contornar as boias, o afunilamento é quase inevitável e novamente o tumulto acaba fazendo muita gente perder tempo — e até a prova. Para ajudá-lo a sair bem desse contratempo, ouvimos algumas dicas de Ciro Violin, triatleta profissional com experiência em provas como o Ironman do Havaí.

1) Sem tráfego

Se estiver entre os primeiros a chegar próximo da boia, procure levantar a cabeça durante as respiradas sempre que possível para enxergar onde está o contorno e realizar a tangente, passando o mais rente que puder, ganhando assim tempo e espaço. Navegar sem precisão fará você nadar mais que os seus adversários e mais do que o previsto na prova.

2) No meio do bolo

Em meio ao bolo, deve-se procurar desviar do tráfego durante o trajeto até a boia. O contorno é um momento de muito cuidado, pois muitos competidores afunilarão naquele ponto. Por isso, o melhor é fazer a curva por fora para não se enroscar com nenhum adversário ou com a boia, muitas vezes presa a uma corda — pode ser um
caminho mais longo, mas nessa hora mostra-se mais eficiente e rápido.

3) Não mude o estilo!

Nesses momentos, jamais nade o estilo peito. Uma pernada ou braçada lateral pode pegar alguém desprevenido e ferir um adversário de forma mais séria — isso se não fizerem contigo. Por evitá-lo, comece dando o exemplo.

4) Alongue o crawl

Nade sempre o estilo crawl e procure alongar o nado para passar o mais rápido possível por esses momentos de maior conturbação. Outra dica é usar seu relógio no braço contrário ao do contorno, pois ele pode enroscar nas cordas que prendem a boia na hora da curva.

Como praticar a rotação do tronco na Natação

Confira dicas que podem fazer a diferença no treino de natação - Foto: Shutterstock


 Conheça alguns exercícios que vão aperfeiçoar sua técnica.


Para que o movimento de rotação do tronco faça o nadador ganhar mais velocidade, é preciso que a técnica esteja bem assimilada e se torne natural durante o deslocamento na agua. Felipe Manente e Danilo Bocalini sugerem exercícios que podem ser encaixados no treino de natação.

Sequência de exercícios

1 – Flutuador


Coloque uma prancha ou pull buoy entre as pernas. Realize séries finalizando a braçada com a mão tocando a prancha ou o pull buoy. O toque deve ocorrer antes de iniciar a fase de recuperação da braçada, quando o cotovelo e a mão saem da água para preparar uma nova puxada. O exercício exigirá uma boa rotação do tronco durante o nado e trabalhará bastante essa região — lembrando que não se deve executar a pernada nesse exercício.



2 – Braçada Unilateral

Nade o estilo livre utilizando somente um braço. O outro deve ficar estendido, grudado paralelamente ao corpo. Faça  séries trocando o lado a cada 25 metros.



3 – Pernada Lateral

Dispense a prancha ou o pull buoy. A pernada do nado livre deve ser feita com o corpo “de lado”, mantendo um ombro apontado para o fundo da piscina e o outro para cima. Um dos braços deve ficar estendido à frente do corpo, submerso, para servir de apoio. O outro braço deve ficar junto ao corpo, fora da água. A cada 25 metro troque de lado.




Matéria publicada na revista VO2 Bike, edição #97, outubro de 2013.

Adapte seus educativos na natação para Águas Abertas



Saiba o que tornará seu nado em águas abertas mais eficiente - Foto: Shutterstock
A triatleta profissional Sara McLarty é considerada uma das maiores nadadoras da história do triathlon. Depois de ficar fora dos 400 metros livres nos Jogos Olímpicos de 2004 por apenas duas posições na seletiva americana, sagrou-se terceira colocada nos 5 km e vice-campeã nos 400 metros em piscina no Mundial de 2005. Optou então por dedicar-se ao triathlon e passou a colecionar prêmios de melhor natação em diversas etapas de Copa do Mundo e em provas como a Escape from Alcatraz. Aqui ela ensina alguns educativos para você treinar na piscina o que pretende fazer lá fora.

Olhe para o seu técnico

Para aprender o momento certo de respirar ao procurar uma boia, use o seguinte educativo: levante a cabeça até a altura do nariz, olhando para a borda/bloco da piscina; gire-a na direção do braço que está realizando a braçada, procurando seu técnico na lateral da piscina; então respire e volte a colocar a cabeça na água, completando a recuperação da braçada. Repita a cada três ou quatro ciclos de braçadas, como faria para se orientar em um triathlon.

Nado polo

A principal diferença entre o nado do triathlon e o crawl do polo aquático é que os jogadores deste esporte não retornam a cabeça à água entre as braçadas, o que
promove grande ganho de força nas costas, ombros e pescoço. Realize séries de alta intensidade (exemplo: 8 x 25 m com 20 segundos de intervalo) nadando com a cabeça fora d’água, com braçadas curtas e rápidas, e respirando para a frente.

Braços retos

Este educativo o ajudará a manter os braços altos na fase aérea e a maximizar a eficiência da puxada. Realize séries de até 100 m mantendo os braços esticados na
puxada e na recuperação. Lembre-se de voltar a palma das mãos para trás durante a puxada, usando a força da musculatura dorsal para deslocar a maior quantidade
de água possível.

Lado a lado

Em grupos de três pessoas, façam tiros de 25 m (uma ou duas séries, com seis a oito tiros) em velocidade máxima, largando todos juntos em uma mesma raia. A
“briga” por posição exigirá o aumento da frequência de braçadas e elevação dos cotovelos e mãos durante a recuperação — prática perfeita de uma largada!

Esteira

Reúna dois ou três companheiros de treino com ritmo parecido ao seu e, em uma série mais longa (exemplo: 5 x 200 m ou 3 x 400 m), saiam um imediatamente após
o outro, de forma que suas mãos fiquem bem próximas dos pés do colega à frente. Como no ciclismo, quanto mais próximo do atleta adiante e maior o número de
pessoas à frente, maior o benefício. Evite ao máximo tocar os pés de quem estiver puxando: nade olhando para os pés à sua frente e abra os braços mais do que
o normal para evitar que suas mãos toquem os pés de cima para baixo, afundando quem estiver te ajudando.

Fonte- Ativo

O USO DO FRIO E DO CALOR NA MEDICINA ESPORTIVA



A crioterapia (terapia do gelo ou utilização do gelo nas lesões) é muito utilizada nas afecções traumáticas, principalmente nas lesões músculo-esqueléticas. Ela pode ser considerada uma modalidade terapêutica, já que é muito utilizada nas reabilitações e na medicina esportiva.

A “terapia com gelo” tem como objetivo reduzir a dor, o espasmo muscular, fluxo sanguíneo local e regional, diminuir o metabolismo, causar uma hipóxia secundária, diminuir o processo inflamatório, reduzir edema, entre outros. A utilização do gelo nas lesões é muito antiga, dizem que antes de Cristo o gelo já era utilizado para “analgesia”.

Mas o que significa crioterapia? Literalmente, significa “terapia com frio”, isto é, aplicação terapêutica de qualquer substância no corpo que remova o calor corporal para diminuir a temperatura dos tecidos. Sendo assim, todas as técnicas em que se utiliza o frio, como massagem com gelo, crioalongamento, colocação de gelo nas lesões traumáticas e atraumáticas, são chamadas de crioterapia.

Se o gelo for utilizado de forma incorreta, sem conhecimento de seus fenômenos neuro-fisiológicos, musculares e vasculares, poderá ter consequências indesejáveis em seu tratamento.
Utilização do gelo – “crioterapia”

·  Diminui o espasmo muscular;
·  Alivia a dor;
·  Nos traumatismos (entorses, contusões, distensões musculares, etc.), previne o edema e diminui as reações inflamatórias;
·  A quantidade de aplicação depende da lesão e grau da mesma.

Já a aplicação do calor promove alteração das propriedades físicas dos tecidos que compõem os tendões, cápsulas articulares e cicatrizes, melhorando suas respostas ao alongamento. Pode ser usado para um relaxamento muscular, por exemplo, em tensões e rigidez muscular.


Na lista de contraindicações estão: não aquecer regiões do corpo que estiverem anestesiadas, edemaciadas, inflamadas, feridas com sangramento, em áreas onde haja tumores, sobre os testículos, sobre o abdome de gestantes ou em áreas do corpo de pessoas inconscientes.

Utilização do calor

·  Alivia a dor;
·  Aumenta a flexibilidade dos tecidos músculo-tendíneos;
·  Diminui a rigidez das articulações;
·  Melhora o espasmo muscular;
·  Melhora a circulação.

Obs.: Há vários tipos de distúrbios onde o calor e o frio produzem efeitos semelhantes. O espasmo muscular que acompanha a hérnia de disco, lombalgias, cervicalgias e problemas articulares pode ser reduzido tanto com o calor quanto com o gelo.

fonte:www.santaconstancia.com.br por David Homsi – Fisioterapeuta

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Torne seu treino divertido, dicas para um aquecimento fácil

Ee aqueles dias que você quer fazer um treino menos monótono? Segue uma sugestão aqui simples de aquecimento e soltura que faz passar o tempo rapidinho:
Aquecimento e Desaquecimento

50 crawl completo
50 braço crawl
50 pernas sem nadadeira
50 ondulação de borboleta c nadadeiras
50 pernada lateral c nadadeira alternando os lados
–*–*–
Fazer agora de traz pra frente
Bons treinos!

Água de malhar

No mar, na piscina ou na lagoa, os exercícios aquáticos oferecem condicionamento físico com boas doses de refresco

Lívia Machado, iG São Paulo
Foto: Divulgação
Academias inovam as aulas aquáticas para atrair alunos

“O mago mandou avisar: água de beber, água de benzer, água de banhar.” Os versos de Alcohol, música de Jorge Ben Jor, esqueceram de contemplar outra modalidade do líquido: água de malhar.
É possível perder peso, fortalecer os músculos ou simplesmente buscar condicionamento físico de forma refrescante. Modalidades já conhecidas nos ambientes secos (e quentes) das academias mergulham nas piscinas para disputar espaço com as tradicionais hidroginástica e natação.
O potencial é elevado. A densidade da água deixa o corpo leve, mas exige uma força maior para realizar os movimentos. “É uma carga extra que naturalmente carregamos. Os exercícios na água são excelentes para fortalecer e tornear pernas e braços”, explica Vinicius Braga, professor do Espaço Stela Torreão, no Rio de Janeiro.
Segundo o educador, no verão, a procura por esportes aquáticos tende a aumentar. Em cidades quentes como a capital fluminense é fundamental que as academias se reciclem e ofereçam atividades diferenciadas dentro da piscina.

Conheça algumas modalidades:

Aquatoalha

A primeira modalidade é quase auto-explicativa. As aulas de hidroginástica recebem um complemento extra, que potencializa os exercícios.
Toalhas com um formato especial – pouco menor das usadas para secar o rosto e com três aberturas - permitem uma série de exercícios para fortalecer braços e pernas. A brincadeira, segundo o instrutor, pode gerar um casto de até 500 calorias em uma hora de aula.
“O uso das toalhas aumenta as possibilidades de exercícios na água, tanto para os membros inferiores como para os superiores. É possível melhorar o condicionamento físico dos alunos, trabalhar a resistência e a coordenação motora. Além de dar mais dinâmica às aulas, a toalha motiva e socializa, pois muitos dos exercícios são feitos em dupla ou em grupo”, afirmou o professor Braga

HidroRunner

Já nas aulas de HidroRunners, a atividade é proposta através de um circuito aquático. Minicamas elásticas, bicicletas aquáticas e o turbilhão – uma corrente de água que simula a correnteza do mar – tornam a atividade dinâmica e eficaz. “Além de todo o treinamento cardiorrespiratório, é possível perder 600 calorias por aula”, diz Braga que também da aula desta modalidade.

Boxe Aqua Training

Na dúvida entre boxe e a hidroginástica, a academia carioca Estação Corpo inovou a grade dos esportes aquáticos com as aulas de Boxe Aqua Training. A técnica mistura exercícios de boxe e Muay Tai na piscina. Depois pular cordas, fazer uma série de abdominais e polichinelos, os alunos mergulham na água para treinar socos e movimentos com as pernas. A aula tem duração de uma hora e os praticantes podem gastar, em média, 500 calorias.

Aulas de caiaque

Em São Paulo, a Academia Fórmula instalou, na unidade do Shopping Eldorado, na zona sul da cidade, dentro da piscina, uma estrutura para aulas de caiaque. A modalidade oferece um treino pesado principalmente para os braços.

Natação no mar ou represa
natação no mar copacabana
Foto: Divulgação
É possível aprender a nadar ou manter o condicionamento físico nas águas do mar
Para quem tem o privilégio de morar em cidades litorâneas, o esporte aquático ainda ganha o fator surpresa. O desafio diário independe de tecnologias ou aparatos que potencializam os treinos. Cabe à natureza determinar, através do vento, da correnteza e da temperatura das águas, o nível e a complexidade dos treinos.

A natação no mar ou em represas também pode ser um esporte único, não necessariamente associado à prática do triátlon. Mario Jorge Hilarino, educador físico da assessoria esportiva OTreino, no Rio de Janeiro, ministra aulas para nadadores na praia de Copacabana.
A falta de rotina e a incontestável beleza carioca, entretanto, apenas encabeçam a lista de pontos positivos da modalidade. Segundo o professor, os benefícios e as vantagens são numerosos, mas é preciso fôlego e disposição. O esporte exige atividade tempo integral, mesmo nos minutos de relaxamento dentro da água.
“Os treinos são determinados pela distância de bóias no mar. Elas também regulam a intensidade, grau de exigência. Mesmo após cumprir com o percurso, o atleta continua ativo. Quando estamos flutuando na água, não deixamos de trabalhar o corpo globalmente. O gasto de energia é intermitente.”
Apesar do esforço, principalmente nos braços, devido à densidade da água salgada, os 50 minutos de treino diário não são sinônimos de dor ou fadiga muscular. “A atividade relaxa automaticamente. Não deixa a musculatura dolorida no dia seguinte, tampouco provoca danos maiores. São exercícios sem impacto na coluna, nas articulações.”
Sem contra-indicação e com um gasto calórico elevado – um treino intenso libera 1500 calorias – a atividade, além de dar resultado em apenas três semanas, na opinião do especialista, ainda pode ser lúdica. “A natação remete à fase do útero, por isso que é tão relaxante e atraente. Em algumas praias também é possível nadar acompanhado. Tartaruga, cardume de peixes dividem o espaço com a gente.”

domingo, 13 de abril de 2014

Nado Resistido?? Vale a pena Nadar sem sair do lugar?

A grande maioria dos nados resistidos apresentados  exigem algum aparelho acessório que aumente ou reduza a resistência.

Eles encaixam-se em três categorias gerais:
  • natação de velocidade contra resistência
  • natação de velocidade assistida 
  • treinamento de resistência fora d'água.

Nenhum desses procedimentos pode tomar o lugar dos tiros curtos em  velocidades muito rápidas para melhorar a potência muscular.
Entretanto, alguns são boas atividades suplementares.
Outros têm valor limitado, e ainda  outros apenas são válidos se forem tomadas certas precauções.

TREINAMENTO DE VELOCIDADE CONTRA-RESISTÊNCIA
As formas mais populares de treinamento de velocidade contraresistência  são a natação estacionaria e a natação contra tubo cirúrgico.
A natação em velocidade com palmares, a natação com calçados e roupas  especiais para aumentar a resistência e o reboque de objetos na piscina são  outros métodos de uso popular.
Recentemente, foram lançados no mercado  dois aparelhos que permitem ao nadador efetuar exercícios de levantamento  de peso na água.
São o Power Rack e o Swim Wheel.

A principal vantagem da natação de velocidade contra-resistência é  que ela exige dos atletas o uso de mais força muscular para suplantar a  resistência adicional.
Todos os métodos de treinamento de velocidade contraresistência  têm, porém, um sério problema.
Embora a resistência adicional  incentive os nadadores a dar braçadas com maior força, isso também altera a  mecânica dos movimentos de seus membros e a posição do corpo.
Eles dão  braçadas mais lentas e curtas, pernadas mais profundas e tendem a "sair" do  estilo e ondular lateralmente seu corpo (MAGLISCHO et al, 1984).
Não  surpreende que as pesquisas que estudaram os efeitos desses e outros  métodos de treinamento de velocidade contra-resistência não informaram  progresso nas velocidades de natação (GOOD, 1973; HUTINGER, 1970;  ROSS, 1973).
Apesar disso, certos tipos de treinamento de velocidade contraresistência  podem ser benéficos, caso se dê uma atenção especial à  freqüência e ao comprimento das braçadas.
Se a freqüência das braçadas  permanece próxima ao nível utilizado nas competições e se o atleta tenta  inter seu comprimento de braçadas, a potência das braçadas será elevada ao máximo, ao mesmo tempo que serão reduzidos os efeitos indesejáveis na  mecânica dos movimentos dos membros e na posição do corpo.

O comprimento das braçadas irá declinar um pouco durante a natação de velocidade contra-resistência, mas, habitualmente, há pouco perigo  para que as braçadas de nadadores de elite sofram alguma deterioração em  decorrência dos exercícios desse tipo, desde que eles não tentem nadar do  mesmo modo nas provas.
As braçadas dos nadadores adultos tornam-se "maceteadas" devido à grande quantidade de nado livre que eles praticam durante os quais os nadadores nadarão relaxadamente.
 Recomendo três a seis repetições. Os nadadores não serão capazes de manter uma freqüência de braçadas de competição.
Apesar disso, eles devem tentar atingir a mais rápida  freqüência de braçadas possível durante o período de trabalho.
 Também  devem tentar melhorar a média durante toda a temporada.
 Este é o uso mais  fraco para o treinamento de velocidade contra-resistência, e, na verdade, não é recomendável.
A deterioração das braçadas será mais intensa do que em  qualquer outro tipo de treinamento contra-resistência.
Por outro lado, o nado  livre pode proporcionar o mesmo efeito de treinamento sem o dano potencial à
mecânica dos movimentos.

Tendo em vista que os esforços despendidos na natação estacionaria são muito difíceis e estressantes, essa prática deve ser efetuada  com parcimônia.
 Esse tipo de exercício também deve ser calculado como parte  da metragem de velocidade a cada semana, para que não ocorra qualquer  perturbação no equilíbrio do treinamento.

Natação com Calçados e Roupas

A natação contra-resistência, promovida pelo uso de calçados e  roupas, não tem vez no programa de treinamento.
 Esse tipo de treinamento de velocidade contra-resistência reduz a freqüência e o comprimento das

braçadas, causando uma perda do alinhamento impossível de evitar. Além

disso, as chances de melhorar a potência muscular são mínimas porque os

atletas nadam a velocidades muito baixas. Praticamente, o único benefício

advindo desse tipo de atividade é a sensação de bem-estar e de velocidade

vivenciada depois da remoção dessas peças de vestuário; contudo, esta pode

ser uma falsa sensação por não se traduzir em tempos mais baixos, e, com

muita probabilidade, a atividade não tem qualquer função em termos de uma

melhora na natação de velocidade.

Natação com Palmares

Embora os palmares aumentem a quantidade de resistência da água que deve ser superada pelos nadadores, eles também aumentam a área da superfície da mão, possibilitando aos atletas um nado mais rápido e, em decorrência disso, talvez aumente a potência muscular.
Além disso, os  nadadores podem colher alguns dos benefícios do treinamento de velocidade assistido, que serão detalhados mais adiante neste capítulo.

A natação em velocidade com palmares é um meio auxiliar  potencialmente válido para o aumento da velocidade de tiro.
 Deve, porém, ser   dada uma cuidadosa atenção à freqüência das braçadas.
A freqüência deve  ser, pelo menos, igual à praticada durante as competições.
 As velocidades  devem ser mais rápidas do que quando as mesmas repetições são nadadas  sem os palmares, para garantir que os nadadores estão trabalhando numa  porcentagem máxima, ou quase máxima, da potência das braçadas.
 Uma  velocidade de braçadas mais lenta e um tempo mais baixo significarão que onadador está simplesmente substituindo a área da superfície pela força.
 A  potência muscular não será aumentada por esse tipo de natação.
 Qualquer das  séries sugeridas para o treinamento de aquisição de potência pode ser efetuada com palmares.
A única desvantagem desse tipo de treinamento é a  possibilidade de exacerbar os sintomas de tendinite.
Esta é uma grande  desvantagem.
Os nadadores com uma história de problemas de ombro devem  ter cuidado ao utilizar esse método.
Eles devem deixar de praticá-lo ao primeiro sinal de dor no ombro.

Power Rack e Swim Wheel

 Power Rack

O Power Rack consiste numa pilha de placas de peso que podem ser transportadas (sobre rodas) até a beira da piscina.
O nadador veste um cinto especial e ergue as placas com a ajuda de um sistema de dupla polia ao  nadar em velocidade na piscina.
A distância que ele pode avançar fica limitada  a aproximadamente 11 metros em decorrência da altura que as placas podem atingir.
O Swim Wheel compõe-se de uma polia grande com  uma corda que se conecta a um cinto vestido pelos nadadores.
 Existe um pequeno eixo no interior da polia grande.
A corda, proveniente desse eixo, está conectada a um balde de lastros de mergulho, que o atleta levanta ao nadar

pela piscina.
O balde vai sendo erguido pela corda que opõe resistência e que  está enrolada em torno do eixo, à medida que o nadador traciona a corda que  está amarrada ao cinto e que passa pela polia grande.
A corda da polia grande  é suficientemente longa para possibilitar que os atletas nadem 25 metros antes que o balde seja erguido até sua altura máxima de 2,4 metros.
A vantagem do  Swim Wheel sobre o Power Rack é que aquele aparelho permite que o atleta  nade em velocidade contra-resistência por maior distância .
A vantagem que esses dois métodos têm sobre os métodos de  natação estacionaria e semi-estacionária é sua capacidade de aplicar  sobrecarga e progressão.
A potência pode ser calculada para os nadadores  porque o peso, a distância de levantamento do peso e o tempo necessário para  seu levantamento podem ser medidos com precisão.
 Além disso, essas   variáveis podem ser manipuladas com o passar do tempo, de modo que a   potência  exercida pelos nadadores durante o treinamento possa ser  aumentada progressivamente.
Os dois métodos mais simples de aplicação da  progressão são o levantamento do peso com mais rapidez ou o levantamento  de mais peso sem perder velocidade.

É provável que as séries de treinamento para esses dois aparelhos   devam incluir quatro a dez nados, efetuados em uma a três etapas.
 Os  períodos de repouso entre as repetições devem situar-se perto de um a três minutos, com três a dez minutos de natação relaxada entre as séries.
O  esforço deve ser máximo e a freqüência das braçadas deve ser monitorada  durante essas formas de treinamento.
 Essa freqüência deve ficar próxima à da competição.
 Considerando que algumas pesquisas demonstraram que a potência e a freqüência de aplicação estão intimamente ligadas (Moffroid & Whipple, 1970), seria um engano erguer elevados pesos (grande grau de resistência) com uma baixa freqüência de braçadas.
E o nadador não teria  como adquirir força numa freqüência de braçadas rápida.
Os atletas devem, em primeiro lugar, estabelecer a desejada freqüência de braçadas para suas provas e, em seguida, devem acrescentar suficiente resistência, de modo que quase não possam manter a freqüência escolhida.
 Então, eles devem treinar nesse grau de intensidade até que possam igualar ou ultrapassar de modo consistente a desejada freqüência de braçadas.
 Depois de atingida essa meta,eles devem aumentar a resistência, dando início a um novo ciclo de treinamento.
Embora seja indubitável que a mecânica de nado sofre alguma  alteração pela maior resistência proporcionada pelo Power Rack e pelo Swim  Wheel, o efeito não deve ter á mesma magnitude que o causado pela natação estacionária e semi-estacionária.
 Os nadadores podem avançar pela piscina de forma mais constante porque não são puxa-dos para trás, como ocorreria com o uso do tubo cirúrgico.

O treinamento de velocidade contra-resistência não precisa ser utilizado com uma freqüência superior a três vezes por semana durante quatro a oito semanas de cada temporada.
Ele pode ser utilizado infreqüentemente ao  longo de todo o restante da temporada.
O período de quatro a oito semanas  proporciona bastante tempo para a maximização da potência das braçadas.
Por outro lado, sua prática em excesso leva à saturação e a uma redução de  motivação.

TREINAMENTO DE VELOCIDADE ASSISTIDA

Os métodos de treinamento de velocidade assistida foram  desenvolvidos para contrabalançar as principais desvantagens do treinamento de velocidade contra-resistência - movimentos mais lentos e mudanças  prejudiciais da mecânica de nado.
Eles foram utilizados pela primeira vez em atletismo depois que alguns treinadores descobriram que os métodos de velocidade contra-resistência estavam fazendo com que os corredores encurtassem seus comprimentos e freqüências de passada (Dintiman, 1984).

Os resultados foram tão impressionantes que Eleanor Rowe, Don Lytle (1977) decidiram estudar os efeitos do treinamento de velocidade assistida  com nadadores.
 O uso de nadadeiras foi o melhor método de treinamento de  velocidade assistida que pudemos pensar na época, embora estivéssemos  cientes das possíveis alterações na mecânica e sincronização das braçadas
que poderiam ocorrer quando os nadadores treinassem o novo procedimento.
Como se viu, nossas preocupações eram infundadas.

Programas de NADO ESTACIONÁRIO foram desenvolvidos com o objetivo de aprimorar o correto posicionamento do nadador na piscina.
A utilizaçao do equipamento auxilia na sustentação do quadril contribuindo para a estabilidade do movimento e aprimoramento da performance. Executar braçadas seguidas.

O Campeão Olimpíco de Natação Gustavo Borges assina todos os produtos da Linha Acqua Cepall.



Prós


  • Alguns aparelhos não prejudicam as articulações e a coluna
  • Variações de intensidades para adequar os aparelhos ao seu nível de condicionamento físico
  • permite desenvolver treino de resistência aeróbio e velocidade
  • Segurança para nadadores de águas abertas
  • maior metragem sem interrupções


Contras

  • não indicado para crianças
  • Força a articulação do ombro devido as altas repetições
  • O movimento das braçadas podem se tornar curtos e lentos
  • não permite trabalho de batimento de pernas enfático
  • em alguns nadadores ocorre a queda dos quadris durante o nado


TREINAMENTO DE VELOCIDADE CONTRA-RESISTÊNCIA 


  • Natação Estacionaria, Natação Semi-Estacionária, Reboque e Roupas de
  • Dragagem
  • Natação com Calçados e Roupas 
  • Natação com Palmares
  • Power Rack e Swim Wheel
Há inúmeras formas, estratégias de desenvolver trabalhos resistidos na água, é necessário adequar o treino a  necessidade específica e condição do nadador.
Bom treino!!!



fonte

* . Nadado ainda mais rápido, 1999

Maglischo, Ermest

Lesões mais comuns na natação





PREVENÇÃO DE LESÕES EM NATAÇÃO


A julgar pelas estatísticas oficiais, a natação é, neste momento, a segunda modalidade desportiva mais praticada no nosso país. 

Esta situação pode ser relacionada com aspectos culturais, fundamentalmente ao nível dos países desenvolvidos, onde o saber nadar é o corolário lógico de uma política desportiva.
Para tal muito tem contribuído a construção de novas piscinas e a incentivação da prática da modalidade, extensível a todas as faixas etárias da população.
Na realidade, trata-se de uma modalidade desportiva não traumática e, quando convenientemente orientada, de grande valor profiláctico e terapêutico. 

No entanto, apesar dos evidentes e inquestionáveis benefícios inerentes à natação de lazer e terapêutica, a prática competitiva, particularmente nas faixas etárias mais baixas, pode repercutir-se negativamente na integridade física do indivíduo, situação minimizada através de uma metodologia de intervenção que inclua o fator prevenção. 

A prática da natação de competição inicia-se precocemente. 
É comum encontrarmos nadadores de grupos de idade, entre os 10 e 12 anos, sujeitos a elevados volumes de treino. 
A Medicina Desportiva deverá abranger as diferentes faixas etárias, não deixando de execer a sua ação preventiva nos nadadores mais jovens, pois que é no treino de base que se criam as condições de instalação das disfunções específicas resultantes da prática de natação de competição. 
Reforçamos a ideia de atuação no treino, pois que é no treino que se encontra a origem da quase totalidade dos casos clínicos, ao contrário de outras modalidades onde a prevalência de lesões se relaciona com a competição.


A natação
é considerada uma modalidade de "resistência".
 Para o desenvolvimento das suas modalidades ( fundo e velocidade)
, solicita-se ao praticante a realização de tarefas que acarretam considerável volume de treino. Numa fase de treino de base, o jovem pode ser levado a nadar 5000 metros/dia, volume este que chega a atingir, em alguns casos, 15000 metros numa fase de nadador adulto. 
Tomando como exemplo a vida média de um comum nadador de competição, podemos afirmar que, em termos aproximados e sem corrermos o risco de exageros, permanece 4000 horas na água e percorre uma distância vizinha de 8000 quilómetros. 
Nosso corpo a apesar de ser muito bem projetado, dificilmente suporta tanta atividade.
 Se é certo que o organismo possui espantosas capacidades adaptativas, sendo a otimização e potenciação destas capacidades a principal função do treino, não é menos certo que para esse  objetivo  concorre a qualidade da orientação técnica, onde a prevenção dos desvios à normalidade deverá ocupar papel fundamental.

Dividida em dois níveis: 

  • a sobrecarga morfo-funcional provocada pelo treino e competições 
  • e as resultantes do meio em que se realiza a prática desportiva, neste caso o meio aquático.


Caracteristicas  de diferentes técnicas de nado
Embora de forma muito breve, passaremos a referi-las por nos permitirem estabelecer algumas relações causa/efeito entre determinados tipos de lesão e a especialidade técnica do nadador.


Generalidades

Os movimentos são cíclicos, bilaterais, alternados ou simultâneos. 

Os fatores que contribuem para que o gesto  desportivo se realize de forma eficaz são: a respiração, o equilíbrio, a propulsão e a resistência ao deslocamento. 
Na respiração interessa considerar a fase ventilatória, onde o ritmo é imposto pelas características da técnica, fundamentalmente pela ação dos membros superiores.
 Modificam-se os mecanismos inatos, observados no meio aéreo, pelo que a fase expiratória passa a ser activa e prolongada. Deste modo os ciclos ventilatórios são constituídos por uma fase inspiratória breve e uma fase expiratória mais prolongada e realizada contra a resistência da água.
O equilíbrio é proximo do horizontal, sendo assegurado essencialmente pelos membros inferiores. 
As informações plantares são suprimidas, sendo a força da gravidade quase anulada pela força de impulsão.
 A propulsão é assegurada pela ação conjunta dos diferentes segmentos corporais, onde a ação dos membros superiores e inferiores assumem papel de destaque.
 A importância de cada um destes segmentos corporais depende das características da técnica e do estilo.


No âmbito da resistência ao deslocamento, distinguem-se três tipos: 

  • a resistência de fricção ou de contato,
  •  a resistência de forma ou de pressão
  •  e a resistência de onda. 

Vamos nos ater apenas que a resistência de contato que aumenta linearmente com a velocidade, a de forma ou de pressão aumenta com o quadrado da velocidade e a de onda com o cubo da velocidade.
 Deste modo, velocidades mais elevadas, implicam maiores aplicações de força e, consequentemente, maior sobrecarga musculo-esquelética.

Tipos de lesões
 Não referiremos outras disfunções resultantes da sobrecarga de treino e que se prendem com alterações metabólicas, endócrinas e imunológicas.
 Patologias mais frequentes
ArticularesCutâneasNariz e BocaOculares
OmbrodermitesOtites externas e médiasOlhoVermelho(conjuntivite)
Joelhomicosessinusopatias
Coluna vertebral



Ombro
O complexo articular do ombro une o membro superior ao torax e é constituído por três articulações: 


  • a escapulo ou gleno-umeral, 
  • a acromio-clavicular 
  • e a esterno-clavicular.

 Possui ainda um plano de deslizamento escapulo-torácico que, do ponto de vista funcional, se comporta como uma verdadeira articulação. 
Trata-se de uma unidade anatómica funcional complexa que alia a necessidade de uma grande mobilidade a uma escassa estabilidade. 
De fato, o suporte ósseo é reduzido, sendo a relação úmero/escapular mantida fundamentalmente por tecidos moles, o que explica a prevalência de lesões a este nível. 
A patologia do ombro, constitui o problema traumatológico mais frequente e incapacitante em natação de competição.
 Alguns estudos apontam que mais de 50% dos nadadores, apresentaram ou apresentam queixas dolorosas da cintura escapular. 
Destes, 10% faltaram a treinos e/ou competições.
 O conceito de "ombro de nadador" (swimming shoulder) define um tipo específico de patologia dolorosa, prevalente em nadadores de competição.
 Este termo engloba lesões articulares e peri-articulares.


Fatores etiológicos
O conjunto de sinais e sintomas que caracterizam o designado "sindrome do ombro doloroso do nadador" relacionam-se, como já foi referido, com as caracteristicas anatomo-funcionais deste complexo articular e com o tipo de solicitação que lhe é imposto nas diferentes técnicas de nado. 

Trata-se de uma entidade clínica incluída no âmbito dos "cumulative trauma disorders (CTD)" ou "overuse syndrome". 
Esta terminologia anglo-saxónica, comumente aceito no meio médico, caracteriza as disfunções resultantes da ação microtraumática repetida.

Fatores que contribuem para a instalação do CTD

FORÇA + REPETIÇÃO + POSTURA + AUSÊNCIA DE REPOUSO

No treino em natação todos estes "ingredientes" estão presentes :

  1. Um nadador que percorra 5000 metros/dia, realizará cerca de 2000 ciclos de braços por sessão de treino.
  2.  Esta solicitação diária média corresponde a 12.000 ciclos/semana. 
  3. A hiper solicitação desta forma imposta, é realizada em sobrecarga (força), de forma cíclica por imperativos da técnica de nado(repetição), em rotação interna (postura) e não raras vezes desrespeitando os intervalos otimos de recuperação (ausência de repouso)

 " Sindrome do ombro doloroso do nadador "

  1. Erros repetidos da técnica de braçada que, ao favorecem uma exagerada rotação interna do ombro no início da fase propulsiva e inclusivamente durante a recuperação, criam condições favoráveis à ação micro-traumática.
  2. Programa inadequados de exercícios de força e reforço muscular, acarretando desequilíbrios entre os vários grupos musculares.
  3. Hipersolicitação das estruturas anatómicas, resultante de cargas de treino elevadas e deficiências de ordem técnica.

Utilização indiscriminada de material acessório de apoio ao treino destinado a aumentar a superfície propulsiva da mão ("swimming paddles")

O termo tendinite é aplicado indiscriminadamente a uma multiplicidade de problemas que afectam a cintura escapular dos nadadores. 

Objetivando uma melhor caracterização deste conceito, referiremos que se trata de um processo resultante de uma irritação repetida das estruturas tendinosas, provocada pelo ato de nadar. 
As estruturas tendinosas mais vulgarmente afetadas são os tendões dos músculos supra-espinhoso, infra-espinhoso, longa porção do bicípete e infra-escapular. 
Os sindromes de"impingement" associam-se frequentemente à tendinite, principalmente à do supra-espinhoso e longa porção do bicíps, sendo muitas vezes consideradas como uma mesma lesao.
 Neste caso assume particular importância a estrutura osteo-ligamentar formada pelas duas proeminências ósseas da omoplata, acromio e apófice coracóideia, reunidas formada pelas duas proeminências ósseas da omoplata, acromio e apófice coracóideia, reunidas pelo ligamento coraco-acromial.

 A designação "impingement" refere-se a fenómenos de compressão, situação comum em determinadas fases do ciclo de braços durante o nado.
 A patologia do espaço sub-acromial é, nesta modalidade desportiva, de grande importância. 
Sob um prisma fisiopatológico podemos referir que o espaço de deslizamento sub-acromial, pela precisão do seu mecanismo de funcionamento, a estrutura mais frágil do complexo articular do ombro.
A cavidade articular dos rotadores e a longa porção do biceps desempenham relevante papel estabilizador.
 O musculo supra-espinhoso tem uma ação chave neste sistema de contensão, evitando, em associação com o musculo deltóide, o deslocamento da cabeça do umero em direção ao acromio. 

Estas caraterísticas anatómicas determinam a hipersolicitação da articulação dos rotadores durante o nado, fornecendo explicações para a frequência e precocidade deste tipo de lesões em nadadores submetidos a sobrecarga funcional,  resultando em ação microtraumática repetida.

Estudos que objetivaram a vascularização da articulação, descreveram a existência de uma "zona crítica", localizada aproximadamente 1 centímetro para dentro da inserção do supra-espinhoso. 
Trata-se de uma zona hipovascular, portanto mais susceptível a fenómenos degenerativos. 
Esta hipovascularização é variável com a posição do braço e é verificável também no tendão da longa porção do biceps no seu percurso sobre a cabeça do umero.

 As zonas avasculares destes dois tendões são particularmente vulneráveis ao "conflito" mecânico, fatores estes que se encontram fortemente correlacionados com a génese da patologia sub-acromial. 
A resposta inicial é do tipo inflamatório, ou seja uma tendinite. 
Este processo pode estender-se à bolsa serosa sub-acromial.
 A manutenção desta situação pode levar a micro-rupturas da articulação dos rotadores e, mais tardiamente, a rupturas completas, situação passível de ocorrer quando não se interrompe a cadeia de fatores pré-disponentes, consubstanciados nos erros da técnica de nado e dos processo de treino implementados.

Abordagem clínica
O principal objetivo da avaliação deste tipo de situações é a sua detecção precoce. 

O exame subjetivo assume particular importancia e permite-nos o acesso à seguinte categorização:
FASE 1: Dor apenas após o treino
FASE 2: Dor durante e após o treino
FASE 3: Dor durante o treino e que afeta a prestação
FASE 4: Dor persistente, que afecta as atividades diárias e que leva à interrupção do treino.

Estas quatro fases correspondem, grosso modo, a estadios evolutivos do processo patológico, para os quais também é usual considerarem-se 4 níveis:

NivelDescrição
1
  • articulação dos rotadores está intacta. 
  • Existe inflamação e edema na zona vulnerável do supra-espinhoso.
  •  A dor não é constante, surge após o treino e autolimita-se ao fim de algumas horas. 
  • A dor é referida na região inferior e lateral do deltóide. 
  • Os testes de flexão para diante, abdução rotação interna contra resistência são positivos
2
  • A situação inflamatória é mais extensa. 
  • Existem alterações isquémicas e dissociação das fibras colagéneas, com rupturas parciais. 
  • A amplitude articular pode estar mantida. 
  • Regra geral, a desempenho em competição não é afetada pela dor. 
  • Esta, é de difícil localização e referida como profunda. 
  • Quando localizada, é sub-deltóideia e de predomínio noturno.
3
  • A mesma situação descrita para o nível 2, com sinais e sintomas de maior gravidade 
  • -dor no decorrer do treino. 
  • -ausência de predomínio noturno
  • -Afeta o desempenho.
4
  • A destruição e degeneração do supra-espinhoso ao nível da articulação dos rotadores é completa. 
  • A dor é constante. 
  • Existe impotência funcional marcante.

Programa de prevenção

  1. Insistir na utilização de uma técnica de nado correta: recuperação alta na fase aérea da braçada em crawl, respiração bilateral, evitar a entrada da mão na água em rotação interna excessiva.
  2. Na técnica do borboleta, um segundo batimento de pernas forte, facilita o início da fase de recuperação do ciclo de braços, projetando os ombros para diante. O fato de deixar "cair" a cabeça, inclusivamente antes da entrada das mãos na água, pode evitar a dor, pois contraria a hiperflexão dos ombros, quando em rotação interna.
  3. Nestas duas técnicas, crawl e borboleta, principais causadoras de patologia do ombro, deverá ser desencorajada a utilização de "paddles"ou palmares.
  4. Dosar o volume de treino de acordo com a idade e o desenvolvimento musculo-esquelético do nadador. Respeitar igualmente os tempos de recuperação.
  5. Realizar preparação física fora de água, onde o reforço muscular é fundamental. Além do desenvolvimento muscular geral deverá ser dada especial importancia ao treino dos rotadores externos, com o objetivo de diminuir o natural desequilíbrio rotadores externos/internos provocado por um treino exclusivamente aquático.
  6. Realização de exercícios de amplitude articular/flexibilidade. Neste caso os métodos passivos e, inclusivamente os dinâmicos simples, apresentam desvantagens relativamente à facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF).
Para treinadores e nadadores, estas questões são de inegável importância.
 É fundamental que tomem consciência de três ordens de factores, cujo conhecimento está na base da prevenção e diagnóstico precoce desta patologia: 

  1. Como prevenir a lesão de sobrecarga; 
  2. como diferenciar a natural mialgia de esforço de um "ombro doloroso";
  3.  qual a atitude a tomar após o aparecimento dos primeiros sintomas.
Quando do aparecimento dos primeiros sintomas :
  1. Reduzir a distância de nado. Se o alívio é imediato (nas primeiras 24- 48 horas), somos levados a admitir a possibilidade de estarmos na presença de uma mialgia de esforço.
  2. Evitar as técnicas de nado que mais exacerbam a dor
  3. Modificar a técnica de nado de modo a manter a eficiência biomecânica do gesto e, simultâneamente, diminuir a ação microtraumática sobre as estruturas lesadas.
  4. Incrementar o "treino de pernas" em detrimento do "treino de braços", nas fases agudas.
  5. Manter a condição física através de outro tipo de atividade que não a natação convencional.
  6. Aplicar gelo após as sessões de treino
  7. Não deixar de consultar o médico
  8. Na fase inicial de instalação da sintomatologia dolorosa, ao gelo e repouso devem associar-se AINE.
Joelho
A natação de competição apresentou uma elevada incidência de lesões em joelhos de nadadores de peito. 

Para a generalidade dos autores consultados, o mecanismo desencadeador relaciona-se com a fase final da "pernada". 

As alterações anatomo-funcionais que caracterizam o "joelho de nadador" têm sido relacionadas com o envolvimento do ligamento lateral interno e articulação femuro-tibial.
 Vários estudos confirmam estes eventos, constituindo hoje uma opinião unânime e irrefutável. Passaremos portanto a descrever as alterações anatomo-funcionais mais relevantes ao nível daquelas estruturas. 
Está provada a existência de uma elevação das forças de tensão no ligamento lateral interno durante a flexão, extensão, rotação tibial e valgismo de "stress".

São situações que se verificam em diferentes fases da pernada de peito.  

  • A mensuração das forças de tensão que envolvem o ligamento lateral interno, subsequentes à rotação externa, valgismo de stress e extensão do joelho, evidencia um aumento dessa força de tensão à medida que o joelho evolui da flexão para a extensão. 
  • O ligamento lateral interno pode ser sub-dividido em duas unidades funcionais com modos de actuação distintos, as fibras da porção anterior e as fibras da porção posterior. 
  • A tensão da porção anterior aumenta durante a flexão, enquanto que este aumento só se verifica, na porção posterior, durante a extensão . 

Logo, a rotação interna e flexão do joelho que ocorrem na fase inicial da "pernada" aumentam significativamente a tensão imposta às fibras da porção anterior do ligamento.
 Deste modo, a fase inicial da pernada do nado peito, ao provocar tensão exagerada das fibras da porção anterior, constitui um importante fator patogénico da instalação da lesão a este nível. 
Inversamente, quando a sintomatologia e o exame do joelho indicam compromissos da porção posterior, deveremos investigar a fase final da "pernada". 
No entanto, esta divisão é importante apenas pelo seu didatismo e para efeitos de correcção técnica. 
Na prática é extremamente difícil diferenciar estas duas situações, até porque não raras vezes apresentam-se associadas. 
Através da realização de exames artroscópicos em nadadores com sintomatologia crónica na transição femuro-tibial, alguns autores diagnosticaram condromalácia e sinovite.
 Os movimentos repetidos de flexão/extensão, em associação com movimentos rotacionais, predispôem à lesão, podendo ser causa de inflamação, capsulite adjacente e sinovite. 

Neste âmbito convém também salientar a ação dos grupos musculares potentes (isquiotibiais e quadricipete crural), pela sua importancia na ação propulsiva da pernada de peito e pelas condições particulares em que operam:
Rotação interna, valgismo de "stress" e flexão que evolui rapidamente para a extensão completa.
Relações anatómicas entre estes músculos e as estruturas capsulo-ligamentares envolvidas.


Para o surgimento da lesão  existe uma correlação direta e significativa entre o agravamento dos sintomas e os seguintes aspectos: 

  • idade, numero de anos de prática, 
  • aumento do volume de treino na técnica de peito, 
  • aquecimento deficiente, 
  • insuficiente treino de flexibilidade 
  •  reforço muscular, principalmente na fase de treino de base.
 Os nadadores que referem, sistemáticamnte, dores ao nível do joelho, apresentam diminuição dos índices de força específica - propulsão à custa dos membros inferiores, situação que pode ser avaliada em testes isotónicos e isocinéticos/biocinéticos.
Estes últimos são mais fiéis e específicos.
Observa-se também diminuição da amplitude articular, mais evidente para a rotação interna.
A partir da década de oitenta assistiu-se a uma diminuição deste tipo de lesões. 
Tal fato pode estar relacionado com modificações operadas ao nível da técnica. 
O peito "natural",. substituiu o peito "formal", alterando significativamente a biomecânica da "pernada", através de um aumento do movimento vertical do corpo, ao qual se associa uma redução da flexão do joelho.
 Estas alterações na técnica de nado, repercutiram-se nos fatores mecânicos associados à lesão e alteraram significativamente a sua epidemiologia,não devendo ser ignoradas pelos médicos que observam nadadores de peito.

Programa de prevenção

O "joelho de nadador" relaciona-se com a técnica de peito. 

Para a prevenção deste caso específico propõe-se:
  1. Diminuir o volume de treino na técnica de peito
  2. Alterações da técnica de "pernada" de forma a diminuir a sobrecarga ligamentar. 
  3. Procurar caracterizar se o nadador com queixas utiliza o nado de peitos formal ou natural.
  4. Realizar exercícios de reforço muscular e flexibilidade
  5. Não ignorar a necessidade de um aquecimento prévio antes de realizar tarefas específicas de peito.
  6. Progredir as cargas de treino de forma adequada, proporcionando uma adaptação progressiva das estruturas musculo-esqueléticas envolvidas.
  7. Respeitar criteriosamente a periodicidade esforço/recuperação, através de uma alternância na solicitação da articulação do joelho. 
  8. As sessões de treino com elevada densidade de estimulação para a técnica de peito deverão ser intercaladas por outras de recuperação.
  9. Às primeiras queixas, aplicar gelo, interromper o treino e consultar o médico.
  10. Na fase inicial de instalação da sintomatologia dolorosa, ao gelo e repouso devem associar-se AINE.
Coluna Vertebral
As queixas mais frequentes são as dolorosas, não raras vezes referidas à região lombar e relacionadas com a técnica de borboleta.

Regra geral são autolimitadas e relacionam-se com as fases de maior intensidade e duração do treino. 
Não obstante, é importante a realização de uma observação cuidadosa de forma a estabelecer um completo diagnóstico diferencial, através do lavantamento das causas possíveis para a sintomatologia dolorosa persistente. 
As mais comuns são as traumáticas, as mecânicas, as relacionadas com o crescimento/desenvolvimento e as alterações musculo-esqueléticas. 

Na avaliação destes nadadores devem ser levados em consideração os seguintes aspectos:
  • História passada ou recente de traumatismos da coluna
  • Relação com a atividade desportiva (características da técnica e do estilo de nado;
  • eventuais relações entre as fases de agudização e o processo de treino)

Características da dor

  1. fatores de agravamento;
  2.  fatores de remissão ou alívio;
  3.  irradiação; etc.

No exame físico devemos incluir:
  1. Observação geral
  2. Biometria, com especial atenção para os diferentes segmentos dos membros inferiores
  3. Amplitude articular, fundamentalmente a flexão e extensão
  4. Caracterização de eventuais deformações: escolioses, cifoses e lordoses.
  5. Exame neurológico

Programa de prevenção
A inclusão deste ponto, no âmbito da prevenção de lesões em natação, pode afigurar-se paradoxal. 

Na realidade, a natação é uma prática despotiva aconselhada para numerosas patologias da coluna. 
No entanto, a natação de competição, particularmente nos jovens, quando não convenientemente orientada, pode constituir uma excepção à regra. 
As razões prendem-se, sobretudo, com incorreções metodológicas do treino, potenciadas pelas diferentes fases de crescimento no jovem.
São alterações que, embora se possam verificar no nadador adulto, encontram na fase de treino de base o momento mais crítico.
Para a sua prevenção propõe-se:
Despiste precoce de eventuais contraindicações para a prática da natação de competição através de exame médico-desportivo.
Realização de treino fora de água, assumindo particular importancia a solicitação dos grupos musculares cervico-dorso-lombares e da parede abdominal.
Pesquisa de assimetrias do membro inferior e de alterações das curvaturas fisiológicas da coluna.

Utilização de técnicas de nado que não favorecam o aparecimento ou agravamento destas situações, nomeadamente:
  1. Correta posição do corpo na água
  2. Nos percursos realizados na técnica de crawl a adoção da respiração bilateral pode apresentar vantagens.
  3. Redução da densidade da carga de treino, fundamentalmente na técnica de borboleta, quando as queixas são de lombalgia

Lesões cutâneas
A permanência no meio aquático predispõe à ocorrência de alterações dermatológicas. 

As mais vulgares são

  1.  as dermites (traumáticas e de contato)
  2.  e as infecções a fungos genericamente designadas micoses.
Dermites
As designações eczema e dermite são, em âmbiente médico, muitas vezes utilizadas como sinónimos. 

Por dermite entende-se uma situação genérica e inespecífica de inflamação cutânea. 
Também aqui se aplicam os sinais cardinais da inflamação:

  •  aumento do volume local por edema e infiltração celular(tumor); 
  • vasodilatação com eritema (rubor),
  •  acompanhado de aumento da temperatura local (calor);
  •  e sensação dolorosa que se manifesta por prurido (dor).
A dermite de contato refere-se a uma hipersensibilidade cutânea do tipo retardado. 
Para a identificação do alergeno é importante conhecer a ou as piscinas onde o nadador normalmente treina e investigar os produtos de desinfecção da água, bem como aqueles que utiliza na sua higiene. 
Lembramos que os nadadores realizam duas sessões de treino por dia e, é vulgar variarem o tipo de shampoo e sabão que utilizam nos duches após o treino.
A dermite traumática é uma inflamação cutânea causada por agentes físicos ou químicos.
 O mecanismo causal é uma agressão direta sobre a pele que no caso da natação é pouco acentuada e exerce-se por efeito cumulativo, provocando diminuição progressiva da sua resistência.
A diferenciação entre dermite traumática e de contato é difícil, particularmente quando não se manifestam de forma aguda. 
A relativa impossibilidade de diferenciação destes duas entidades, inclusivé numa base clínica, não apresenta grandes incovientementes uma vez que a terapêutica não difere significativamente.
 A dermite traumática cura expontaneamente quando se elimina o estímulo desencadeante.
 A identificação do alergeno também é imprescindível para a resolução da dermite de contato.

 O tratamento local e geral é idêntico para ambos os casos: 
  • corticoterapia geral + terapeutica tópica com solutos anti-inflamatórios na fase aguda e cremes/pomadas com corticóides nas fases sub-agudas e crónicas.
Micoses
São afecções cutâneas que se caracterizam pela natureza fungica dos respectivos agentes causais. 

É fundamental a realização de um diagnóstico correcto e específico. 
O simples reconhecimento de uma micose não é suficiente para a instituição de uma terapêutica correta. A utilização indiscriminada de qualquer anti-fungico para uma qualquer micose compromete a eficácia da terapêutica.
De localização predominante nos pés. As lesões são geralmente crónicas, com uma evolução cíclica. Caracterizam-se por prurido intenso de predomínio nocturno, principalmente na fase de vesiculação. Evoluem para descamação, maceração e fissuração inter-digitais, constituindo estes, não raras vezes, os únicos sintomas. Por vezes, o quadro clínico complica-se pela participação de agentes piogénicos, podendo levar ao aparecimento de linfangite. É habitual a existência de onicomicoses em uma ou mais unhas (reservatório).
Prevenção
A prevenção destas situações baseia-se numa educação sanitária e inicia-se após o treino com as seguintes medidas:
Duche com agua corrente
Utilização de shampoos e sabonetes hipoalergénicos com pH neutro.
Boa secagem da pele com especial atenção para os espaços interdigitais dos pés, podendo utilizar-se pós-antifungicos antes de calçar as meias.
Aplicação de cremes hidratantes em toda a superfície corporal.
Alterações Otorrinolaringológicas
Os longos períodos de permanência na água associados à qualidade duvidosa da água de algumas piscinas, predispõem os nadadores a algumas alterações do foro otorrinolaringológico.
Abordaremos de forma sucinta as patologias mais frequentes:

  • Otite externa
Os fatores pré-disponentes são os seguintes:

  • remoção do cerumen "normal" pela permanência prolongada na água presença de exostoses superiores. Não podemos no entanto dissociar este aspecto do tratamento da patologia subjacente.
Alterações oculares
Resultam da acção dos produtos de desinfecção da água, particularmente o cloro, sobre a conjuntiva ocular. São situações que apresentam a sintomatologia de olhos vermelhos (injecção ou hiperémia do tecido conjuntival) Acompanham-se de significativo desconforto, cedendo fácilmente após a aplicação de colírios descongestionantes. 

Constitui uma situação rara em natação de competição pois que a utilização de óculos de proteção (swimming goggles) é uma constante, não só em treino como em competição. 
Para nadadores que passam 3 a 4 horas por dia dentro de água, a sua utilização é o mais eficaz e único meio preventivo. 
Clinicamente, na presença de uma inflamação ocular não podemos deixar de realizar o diagnóstico diferencial entre as suas possíveis causas.

Conclusão
Para o estabelecimento de uma estratégia preventiva é normal considerarem-se três níveis de intervenção:
A prevenção primária, coloca a tónica nos aspectos comportamentais. 

Em natação de competição assume particular importância uma correcta processologia de treino, a utilização de dispositivos de protecção e uma adequada educação sanitária.

A prevenção secundária recai nos aspectos organizacionais: 

legislação/regulamentação. 
O observância das normas de segurança sanitária em piscinas, como sejam o bom estado da água, áreas circundantes e balneários, não podem ser ignoradas.
 Os exames de aptidão médico-desportiva são, normalmente, incluídos no âmbito da prevenção secundária.
O nível terciário prende-se com a prevenção de disfunções decorrentes das lesões.
Como é óbvio, deveremos objetivar a actuação ao nível das prevenções primária e secundária.

* Publicado no BRAÇADA NOV/99 da autoria de J. H . Gomes Pereira
Fonte: O Mundo da Natação
Autor: J. H. Gomes Pereira