O Ministério Público Federal (MPF) acaba de acionar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pedindo que cobre dos fabricantes de lentes de contato informações sobre os problemas que elas podem causar à saúde. A exigência, feita na última sexta-feira (24), é que os dados sejam incluídos nas embalagens ou nos rótulos dos produtos.
A recomendação, encaminhada pelo procurador da República Claudio Gheventer, foi resultado de um ano de apuração do material comercializado nas principais farmácias do País. Segundo Gheventer, o MPF verificou que as embalagens das lentes da Johnson & Johnson e da Novartis não possuem as mais básicas informações.
“É evidente a violação ao Código de Defesa do Consumidor e à própria regulamentação da Anvisa, que preconiza que essas instruções estejam nas embalagens”, assevera.
Gheventer ainda revela que as fabricantes reconhecem os riscos, mas alegam que é permitido pela legislação entregar o material separado da bula. A afirmação, para o procurador, comprova que a fiscalização é flexível e dá espaço para tais condutas. Após a notificação, a Anvisa tem 45 dias para informar se vai acatar ou não a recomendação do MPF.
Como usar
Apesar do acesso fácil, não são todas as pessoas aptas a fazer o uso das lentes de contato, revela Newton Kara José, oftalmologista do Hospital Sírio Libanês de São Paulo. “Os olhos precisam ser saudáveis para suportar o material. Doenças na córnea, irritações ou inflações constantes são impeditivos automáticos para substituir os óculos pelas lentes.”
O especialista também alerta que o material não devem ser utilizadas por menores de 15 anos. Na visão de Kara, os pacientes mais jovens não possuem maturidade suficiente para identificar possíveis complicações.“Não adianta controle e fiscalização dos pais. Cabe ao paciente reconhecer, entender os riscos. O desleixo dessa fase pode provocar complicações sérias.”
O uso das lentes exige cuidados constantes. Kara explica que é fundamental lavar o material ao final do dia e deixá-lo na solução de limpeza específica para as lentes de contato. Embora não exista nenhuma contraindicação, o uso das lentes não deve ser excessivo. Além disso, é importante que os óculos não sejam descartados. É uma segurança na falta ou impossibilidade de usar lentes, defende.
Sinais óbvios
Ao menor sinal de irritação ou dor, é imprescindível retirar as lentes dos olhos e fazer a higienização com o líquido recomendado pelo oftalmologista. Se após a limpeza o incômodo permanecer, é sinal de que o material pode ter provocado uma lesão na córnea ou, no mínimo, agredido os olhos.
Respeitar o prazo de validade das lentes descartáveis ou de longa duração é essencial. Segundo o médico, a maioria do pacientes faz a troca quando começa a sentir algum incômodo. “Com o passar do tempo, o usuário fica relapso. Os olhos manifestam o desconforto rapidamente. Além de higiene e controle, é fundamental o acompanhamento médico e a troca de lentes dentro do prazo. O incômodo, usado como termômetro de validade, pode representar um comprometimento já existente, provocado pela perda de qualidade do material.”
Cores e maquiagem
No caso de lentes coloridas, a orientação é ainda mais severa. Independente do uso diário ou esporádico, o material deve ser higienizado constantemente. O especialista pontua que a falta de conhecimento e informação banaliza o uso das lentes de contato. “As lentes coloridas podem gerar complicações muito maiores. Os usuários não estão preparados, desconhecem os procedimentos de limpeza. A ausência de grau não elimina os riscos.”
As mulheres devem ter cautela redobrada. Segundo Kara, a maquiagem também representa um potencial fator de risco à saúde dos olhos. Rímel, lápis, delineadores e demais instrumentos para reforçar a beleza feminina impregnam os olhos e, conseqüentemente, as lentes. “A maquiagem é muito contaminada, um meio altamente propício para o crescimento de bactéria.”
Fonte: Lívia Machado, iG São Paulo
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