Estudo sugere que o total de gordura, sódio e calorias seja mostrado na parte frontal do rótulo dos produtos alimentícios
Os quatro grandes vilões da boa alimentação – as calorias, o sódio e as gorduras trans e saturada – deveriam ser mostrados claramente no rótulo frontal das embalagens de alimentos. Só assim, sugere um novo estudo, os consumidores poderão fazer escolhas alimentares mais saudáveis.
Outros itens – como o colesterol, as fibras, os açúcares e as vitaminas – poderiam ser mantidos no verso do rótulo, segundo relatório do Instituto de Medicina dos Estados Unidos, que analisou os sistemas e símbolos de avaliação nutricional que aparecem na parte frontal das embalagens de alimentos.
“A principal intenção das informações exibidas é oferecer ao consumidor uma maneira fácil de comprar alimentos, selecionando aqueles que são mais consistentes com uma dieta bem balanceada e de alta qualidade”, relata Alice Litchenstein, professora de ciência da nutrição da Universidade Tufts, de Boston (EUA) e vice-presidente do comitê que preparou o relatório. Ela completa: “O comitê concluiu que é importante exibir claramente as porções e os números de calorias. Percebemos a importância de focar nestes nutrientes que estão mais relacionados aos riscos de doenças crônicas”.
“O propósito principal do rótulo exibido na frente da embalagem seria ajudar os consumidores a identificar e selecionar alimentos com base nos nutrientes mais relacionados a preocupações de ordem de saúde pública”, complementa Ellen Wartella, diretora do Centro de Mídia e Desenvolvimento Humano da Escola de Comunicação da Universidade Northwestern.
A adição de açúcar não foi considerada uma candidata a ser exibida na frente do rótulo, pois “o comitê concluiu que o mesmo deveria enfatizar as calorias, e não os açucares adicionados”, disse Mary Story, professora de saúde comunitária da Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota.
“Nós concluímos que manter o foco nas calorias chamaria também atenção à adição de açucares”.
Story explicou que, além disso, nutricionistas não têm uma boa maneira de avaliar a quantidade do açúcar natural e do que é adicionado a um produto.
O comitê foi cauteloso ao declarar que ainda não está fazendo recomendações. Depois da segunda fase do projeto, quando serão observados a compreensão e o uso das informações por parte dos consumidores, o relatório integral irá para o Congresso, para o FDA – órgão controlador dos alimentos e medicamentos dos Estados Unidos – e para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
“Aí então isso será considerado parte dos regulamentos vigentes. O que o FDA e o Congresso farão não será decidido por este comitê”, disse Wartella.
“Certamente, as empresas têm a liberdade de continuar a usar alegações sobre o conteúdo de nutrientes em seus produtos, como, por exemplo, que são ricos em cálcio ou em qualquer outro nutriente que queiram destacar”, completou Virginia Wilkening, ex-diretora substituta do Departamento de Suplementos Dietéticos, Rótulos e Produtos Nutricionais do FDA.
O que incentivou a realização do estudo, realizado sob o comando do Congresso, foi a florescente epidemia de obesidade e alimentação excessiva nos Estados Unidos, resultando em problemas de saúde como doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer.
Paralelamente, o número e o tipo de alegações nutricionais exibidas na frente das embalagens vem aumentando cada vez mais. “O Congresso estava ciente da proliferação de diferentes tipos de avaliações e símbolos, que podem ser confusos para os consumidores”, disse Wartella.
Na tentativa de colocar ordem nessa confusão, o comitê analisou vinte destes sistemas, agrupando-os em três categorias gerais: sistemas que especificam os nutrientes (dão informações sobre a porcentagem das quantidades diárias recomendadas de diversos deles), sistemas de síntese (usam um único símbolo ou ícone para sintetizar o conteúdo nutricional) e sistemas de informações de grupos alimentares (destacam a presença de certos grupos alimentares, como “grãos integrais").
O comitê não levou em consideração os adultos e as crianças separadamente, tampouco especificou qual seria o melhor sistema a ser adotado.
* Por Amanda Gardner
The New York Times
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