Um bom corredor precisa estudar o universo da corrida e ter disciplina. Conhecer também a teoria do "Como, Quando e Quanto" pode ajudar na prática saudável
Por Miguel Sarkis ativo.com
Muita gente se dedica aos treinamentos sem uma orientação profissional. Prescrevem-se ou copiam planilhas disponibilizadas em sites de corrida. Qual será o caminho mais interessante?
Primeiramente, conhecer o universo da corrida é muito importante, depois, ter uma ótima disciplina trará a você como resultado o volume corporal que sempre desejou, a velocidade que sempre almejou, e a continuidade na corrida por muitos anos, e com muita saúde.
Se você é um daqueles corredores que se autoadministra, a busca por novos conhecimentos deve ser praticada muitas vezes na sua vida. Num exemplo fictício, imagine você se tentasse construir um edifício sem uma adequada formação em Engenharia, ou sem a orientação de um profissional destes? Certamente sua obra deixaria um tanto a desejar. No caso da corrida, esta simples e inofensiva prática de atividade física (que não é tão simples assim) deixa bem a desejar quando o esforço se torna inadequado e lesivo.
Ainda bem que nosso caso trata-se de uma corrida, que pode ser para se divertir ou para conquistar limites individuais, e deve e pode ser conduzida de forma cautelosa, não oferecendo grandes riscos para a sua saúde.
Já que falamos de corrida, o corpo é o condutor desta velocidade e resistência que desejamos objetivar, portanto, vamos por partes, já que nosso corpo é mais importante que tudo e a ele ficou a incumbência de possibilitar nossos desejos. Nossos desejos devem estar em acordo pleno e mutuo com nosso físico e emocional.
Corridas por partes:
Conhecer:
Leitura é o que não falta, mesmo no Brasil, onde a minoria compra livros, apesar de termos tido, surpreendentemente, o maior público dos últimos tempos na 21ª Bienal Internacional do Livro em São Paulo em 2010. Através de uma leitura frequente e variada você poderá se orientar para seus treinos diários, munido de recursos indispensáveis para se autoadministrar.
Os livros devem ser muito bem escolhidos e o senso crítico deve imperar quando o assunto é a nossa pessoa. Quando lemos objetivamos nos favorecer em algum treinamento, por exemplo. Algumas vezes, queremos enxergar o que desejamos e não o que realmente podemos e devemos realizar. Ao ler um assunto ligado a treinamento, procure amadurecer seus conhecimentos, partindo de questões importantes, como definir: Quanto podemos realizar, Quando podemos nos ativar e Como podemos praticar. Estes três pontos delimitam e protegem-nos do que mais tememos: as lesões.
Ao descobrirmos como transformar as vontades em treinamentos, começaremos a respeitar nosso organismo. O amadurecimento físico e mental nos conduzirá a treinamentos contínuos e maduros. Porque tais cuidados? O corpo precisa de uma carga adequada de treinamento que é quase individual, portanto, precisamos conhecer muito bem o organismo que receberá esta carga de treinamento. Como estamos sujeitos a modificações circunstanciais, os treinamentos podem variar conforme a situação emocional, então, faça valer a regra de se conhecer, conhecer a teoria do treinamento para corridas, além de controlar a emoção de avançar muito mais rápido do que se pode e deve.
Emocionalmente estamos sujeitos a nos superestimar ou subestimar. Controlar o planejamento para se manter no meio do caminho entre um e outro é uma das tarefas mais difíceis que existem, quando se trata de autoadministração em corridas. Quem nunca desejou ser mais magro, mais rápido ou mais resistente?
Outro ponto importante para conhecer antes de iniciar treinamentos para caminhar ou correr é: a regra de Quanto, para Quanto. Isso mesmo, o sujeito treina para chegar a uma prova de 10 km e, no entanto, realiza três meses de treinos que variam entre 15 e 20 km.
Desnecessários e superestimados, os treinos muito longos só servirão, no caso de iniciantes, para sobrecarregar seu organismo. É possível realizar treinos variados entre 6 e 12 e ainda assim atingir resultados ótimos nos 10 km da prova.
Treinos mais longos podem compor a periodização de corredores mais adiantados, na época de base e ou se objetivar uma prova mais longa.
A outra regra é Quando para Quando. Nesta teoria, quando treinar para quando competir é muito importante. Conheço sujeitos que passaram suas vidas treinando altas quilometragens, sobrecarregando seus organismos, sempre com a intenção de, um dia, realizar uma prova determinada. Não podemos realizar um treinamento sem pé e nem cabeça. Haja estômago!
Temos que definir um início, meio e fim, possíveis por uma periodização bem estabelecida. Desta forma, Quando para Quando será a nossa periodização. Ela servirá, também, para ajudar na construção de um corredor e um cidadão mais forte e mais resistente.
A última e tão importante quanto as outras é a teoria de; Como para Como. Como realizar os treinos depende especialmente de uma avaliação (falei sobre o assunto em 23/09/2010), quando alertei que cada corredor deve se avaliar e determinar como será seu esforço para determinados ritmos em provas e treinamentos.
É a partir da definição dos ritmos possíveis que podemos atingir os ritmos superiores. Existe corredor que avança muito além nas intensidades de treinos, para no final correr mais lento do que planejou. Não aguentou! Existem corredores que sobem montanhas e montanhas e participam de corridas em percursos planos e curtos. Conclusão: exauridos, mal conseguem terminar suas corridas. Ainda os maratonistas que realizam muito mais do que o necessário, então, existem as três regras infringidas: Quanto, Como e Quando.
Pela teoria da Especificidade, o corredor que tem um treino específico, corresponde muito bem numa prova especialmente semelhante as características dos treinos que realizou. É como se um corredor quisesse treinar em esteira o tempo todo e, depois, participar de uma prova de rua. Certamente as sensações serão diferentes e trarão algum tipo de desconforto para o praticante.
É pensando em início, meio e fim, além de Como, Quanto e Quando, que construiremos treinos mais coerentes e promissores.
Bons treinos
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