O horário de verão começa à 0h de domingo (18), quando os relógios deverão ser adiantados em uma hora. Com isso, brasileiros das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal, se veem obrigados a dormir e acordar uma hora mais cedo, precisando se adaptar ao novo horário.
A consequência disso para algumas pessoas são quadros de sonolência, irritabilidade e mau humor pela manhã. Enquanto isso, para outros uma hora a mais significa apenas uma chance de turbinar as atividades diárias. Segundo os especialistas consultados pelo R7, essas diferentes reações são decorrentes da mudança do relógio biológico e de alterações hormonais.
A pesquisadora do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz, Lúcia Rotenberg, explica que o nosso “relógio interior” pode funcionar de maneira “matutina” ou “vespertina”, influenciando diretamente na adaptação ao horário de verão.
- O relógio biológico de cada um é diferente, assim como existem pessoas que engordam com mais facilidade do que outras.
Existem pessoas que acordam de manhã bem dispostas e dormem cedo, ou dormem muito pouco – elas são chamadas de "matutinas". Já as que têm dificuldade de acordar cedo e funcionam bem à noite são as "vespertinas". Essas são características genéticas iguais às que herdamos dos nossos pais, como cor da pele e dos olhos.
- Para acordarmos, não basta abrir os olhos. O cortisol, que te prepara para a vigília, demora mais para ser secretado nos vespertinos do que nos matutinos. Isso é uma característica biológica.
Por isso, para a pesquisadora, os “matutinos” são os que têm mais chances de sofrer com o novo horário, já que eles costumam dormir pouco diariamente e irão se privar ainda mais o momento do sono. Se uma pessoa dorme cinco horas, é claro que essa diferença de privação de sono será maior do que entre as pessoas que dormem de oito a nove horas por noite, diz Lúcia.
- Quando você adianta em uma hora o relógio, a tendência é se sentir pesado nos primeiros dias. Até porque dificilmente alguém vai dormir uma hora mais cedo.
Acordar com o dia ainda escuro também afeta a secreção do hormônio melatonina, acionado pela falta de luz, alterando o metabolismo, segundo o clínico geral Arnaldo Lichtenstein, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
- Os hormônios são regulados pelo ritmo do dia, pela claridade do sol e pela escuridão da noite. Com o horário de verão pode haver atraso nessa secreção, causando sonolência por alguns dias, o que pode ser perigoso para quem precisa estar alerta no trabalho.
No caso de idosos com problemas graves de saúde, a mudança no padrão do sono pode ainda aumentar a pressão arterial, mas isso acontece geralmente em casos extremos, afirma Lichtenstein.
Como evitar a sonolência e o mau humor
A adaptação do relógio biológico dura em média uma semana, mas há como adaptar o corpo antes da mudança de horário, segundo a pesquisadora Lúcia Rotenberg. A dica é dormir pelo menos dez minutos mais cedo a cada dia, durante dez dias. A adaptação lenta e gradual segue o mesmo ritmo do relógio biológico, sem causar reações no organismo.
Se isso não for possível, o ideal, segundo o médico Arnaldo Lichtenstein, é manter a qualidade e a regularidade do sono, seguindo alguns hábitos.
- Para dormir bem, escolha um ambiente escuro, silencioso, com boa temperatura todos os dias. Mas evite fazer exercícios três horas antes de dormir, ingerir cafeína e comida pesada.
Fonte: Camila Neumam, do R7
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