quinta-feira, 2 de junho de 2011

Frequência cardíaca no meio aquático e terrestre

Embora não esteja totalmente esclarecido o mecanismo responsável pela diminuição na FC durante a imersão, acredita-se que uma das principais explicações para isso recaia sobre o aumento no retorno venoso. Nesse sentido, um dos efeitos advindos da ação da pressão hidrostática sobre os indivíduos consiste justamente no aumento no retorno venoso, que leva a incrementos no volume sanguíneo central e na pré-carga cardíaca.
 Outro aspecto a ser considerado é a maior termocondutividade da água ao ser comparada com o ar, fazendo com que temperaturas aquáticas inferiores à condição termoneutra contribuam para a redistribuição sanguínea, assim deslocando o sangue da periferia para as regiões centrais, na tentativa de impedir a perda excessiva de calor corporal. Essa hipervolemia central gera aumentos no volume sistólico e débito cardíaco, promovendo bradicardia reflexa decorrente da imersão.
 Em adição, a diminuição da atividade nervosa simpática também concorre para potencializar as respostas bradicárdicas na imersão. Ainda, para a diminuição do peso hidrostático como fator igualmente responsá-vel pelas modificações na FC durante a imersão, contribuindo para a bradicardia devido ao menor recrutamento muscular e conseqüente redução no aporte sanguíneo. Em função dos dados apresentados na literatura, verifica-se que a magnitude das diferenças nas respostas de FC nos meios aquático e terrestre pode variar bastante. Entre os aspectos mais importantes que podem explicar esse fato situam-se a temperatura da água, a redução do peso hidrostático, o posicionamento do corpo e sua profundidade de imersão, a FC de repouso e a intensidade relativa do esforço.
 Dessa forma, para a prescrição do exercício no meio líquido, o somatório desses aspectos deve ser cuidadosamente analisado, visto que discretas variações em um ou mais aspectos podem ditar diferenças importantes na forma de condução dos exercícios. Tal fato torna-se especialmente importante ao lidar com populações de risco, mal condicionadas, ou que necessitam de cuidados especiais.
 Do ponto de vista prático, para a obtenção da FCmáx real em ambiente aquático o ideal seria a aplicação de um teste de esforço máximo, que deveria ser conduzido em condições de temperatura, profundidade de imersão e gesto motor específicos ao tipo de exercício utilizado no programa de treinamento. Havendo impossibilidade de realizar o teste de esforço, aceita-se ser possível predizer a FCmáx no meio líquido através da subtração da bradicardia aquática do valor de FCmáx no meio terrestre.
Nesse sentido, para determinar o valor da diminuição dos batimentos cardíacos durante a imersão, cada indivíduo deveria ser analisado em condições de profundidade, temperatura e posição corporal similares às do exercício proposto no programa de treinamento, em comparação com a mesma posição em terra. Uma proposta para essa finalidade seria a utilização da seguinte equação
FCmax na água = FCmáx em terra – .FC em que .FC = bradicardia decorrente da imersão (na profundidade,
temperatura e posição corporal utilizadas no exercício).

Por: Newton Nunes

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