quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Hipertensão arterial, saiba mais ...


A Pressão alta (hipertensão arterial) é a elevação persistente da pressão sanguínea e não a elevação ocasional, a que, por sinal, todos estamos sujeitos sem que isto represente qualquer anormalidade.
A hipertensão arterial também é conhecida como o “assassino silencioso”, pois não produz sintomas.
A pressão arterial cronicamente elevada pode lesar as artérias do globo ocular (da retina), os rins e o cérebro, além de sobrecarregar o coração e provocar o espessamento (hipertrofia) de suas paredes.
Em mais de 95% dos pacientes não há uma causa específica para o problema.
A hipertensão arterial é tratada com restrição de sal, exercícios aeróbicos regulares, perda de peso e, quando necessário, medicamentos.
Hipertensos diabéticos representam um grupo de risco especialmente elevado e nestes, a pressão arterial a ser atingida com o tratamento deve ser ainda menor que nos hipertensos não diabéticos.
O que é hipertensão arterial?
Em primeiro lugar, é bom ficar claro que hipertensão arterial não significa estresse emocional. A hipertensão caracteriza-se pelo bombeamento de sangue através de nossas artérias a uma pressão superior àquela encontrada na maioria das pessoas. Ela é geralmente diagnosticada quado um tensiômetro colocado no braço registra níveis iguais ou superiores a 140/90 mmHg em múltiplas aferições sob diferentes condições (mmHg significa milímetros de mercúrio e é a unidade para mensuração da pressão). Acima deste nível, é maior o risco de agressões a órgãos nobres como coração, cérebro e rins, além de acelerar-se o processo de endurecimento das artérias (arteriosclerose) e facilitar-se o depósito de gordura nos vasos (aterosclerose).
A pressão sistólica, ou máxima, como habitualmente dizemos, representa a pressão nas nossas artérias quado o coração se contrai e ejeta sangue dentro delas. A pressão diastólica ou mínima, ocorre quando o coração se relaxa e representa a pressão mínima a que as artérias estão expostas antes da contração cardíaca subsequente.



A hipertensão afeta cerca de 20% da população brasileira e, neste grupo, para um mesmo nível de pressão arterial, os órgãos dos pacientes de raça negra são mais afetados que os de outras raças.
Em oitenta por cento dos casos, a pressão está levemente elevada (pressão diastólica entre 90 e 104 mmHg e/ou pressão sistólica entre 140 e 159 mmHg). A chamada “hipertensão sistólica isolada” onde apenas a pressão sistólica se encontra elevada afeta cerca de 30% a 40% da população acima de 65 anos e associa-se com o mesmo risco de derrame cerebral e infarto do miocárdio.

Quais as complicações decorrentes da hipertensão?
A mais grave é a doença das artérias. Estes vasos sangüíneos têm paredes lisas e levam o sangue do coração para todos os órgãos do corpo.
Com a hipertensão arterial ocorre infiltração de açúcar, gorduras, cálcio e outras substâncias nas paredes das artérias, o que provoca o aparecimento das lesões arteriais.
As lesões arteriais aumentando progressivamente vão agredindo os órgãos, devido à falta de adequada oxigenação dos tecidos (isquemia).
O prejuízo é maior quando ocorre o fechamento da artéria (infarto), provocando a morte do tecido que era nutrido por esta artéria.
Desta forma teremos os comprometimentos dos órgãos de acordo com as artérias afetadas, conforme figura abaixo.
Ou seja: no cérebro teremos o infarto cerebral, ou acidente vascular cerebral (AVC), ou também chamado pelos leigos de derrame cerebral.




Nos rins ocorre o infarto renal.





Nos intestinos o infarto intestinal.





Nos membros leva à gangrena





No coração à angina do peito e ao infarto do miocárdio.




A Hipertensão Arterial também provoca a hipertrofia do músculo do coração. Em outras palavras o músculo fica mais espesso e, portanto, há uma maior dificuldade de nutrição do mesmo pelas artérias coronarianas.

CORAÇÃO HIPERTROFIADO E DILATADO – Estágio Descompensado









O que sente um paciente com pressão alta?

NADA. Este é o grande problema desta doença, e não é à toa que a chamam de “assassina silenciosa”. Esta condição vai exercendo seus estragos silenciosamente sem que o paciente se aperceba. Sintomas geralmente atribuídos à pressão alta como dor de cabeça, vertigens, visão borrada, são raros. A única maneira de diagnosticar hipertensão arterial é tirando a pressão e tratando-a a tempo, antes que as consequências sobre os vasos e órgãos nobres se manifestem. Por isso é importante uma conscientização sobre a necessidade de avaliar periodicamente a pressão, e mais ainda, se houver história familiar de hipertensão arterial.

Como se diagnostica a hipertensão arterial?




A pressão alta é diagnosticada quando a medida revela uma pressão sistólica acima de 140 mmHg e/ou uma pressão diastólica acima de 90 mmHg.
Uma vez diagnosticada a existência de hipertensão arterial, é preciso proceder a uma avaliação do grau de acometimento dos órgãos-alvo, ou seja, aqueles preferencialmente agredidos pela pressão alta: vasos sanguíneos, coração, rins e cérebro. Obviamente, o exame clínico já fornece algumas informações importantes. O exame do fundo de olho dá uma idéia do estado das pequenas artérias, precocemente atingidas pela hipertensão. O coração é avaliado por eletrocardiograma e ecocardiograma (ultrassom do coração) e estes exames podem demonstrar o espessamento (hipertrofia) das paredes do coração: a pressão alta sem controle pode acabar levando à dilatação do coração e insuficiência cardíaca. O raio-X do tórax é útil para avaliação do tamanho do coração e do acúmulo de líquido nos pulmões quando ocorre insuficiência cardíaca. Exames de sangue e urina ajudam a identificar o acometiment dos rins. O ultrassom das artérias do pescoço (duplex-scan de carótidas e vertebrais) é por vezes indicado para avaliar o risco de derrame cerebral, pois a partir de acúmulo de gordura (aterosclerose) nestes vasos originam-se boa parte destes trágicos acidentes. A identificação de pacientes em risco pode orientar a instituição de medidas preventivas.
Como a pressão arterial oscila muito ao longo do dia e pode elevar-se em resposta a situações de estresse, não é incomum encontrarmos pacientes com pressão normal, porém sistematicamente alta quando vão ao consultório médico. Como resultado, o paciente pode acabar recebendo um “rótulo” pelo resto da vida e ser tratado com remédios sem ser hipertenso na realidade. Esta condição é benigna e denomina-se “hipertensão do jaleco branco” ou mais simplesmente “hipertensão de consultório”. Para diferenciá-la da verdadeira hipertensão, solicitamos ao paciente que tire sua própria pressão com aparelhos (confiáveis) automatizados e nos apresente um pequeno diário com os valores de medidas repetidas fora do consultório. Um método preciso para diferenciar a verdadeira hipertensão da “hipertensão de consultório” é a monitoração ambulatorial da pressão arterial, ou mais simplesmente M.A.P.A. ou M.R.P.A, nos quais um pequeno registrador é acoplado a um manguito adaptado ao braço do paciente. A pressão é automaticamente registrada a intervalos regulares num período de 24 horas ou durante 5 dias,pela manhã e à noite, e os resultados analisados num programa especial de computador.

Qual a causa da pressão alta?

Não existe uma causa específica em 95% dos casos e por isso a hipertensão é chamada de “primária” ou “essencial”. A grande maioria dos casos de hipertensão primária resulta do aumento da rigidez das artérias periféricas (aumento da resistência periférica) que por sua vez associa-se a herança genética, sobrepeso, consumo excessivo de sal, vida sedentária e ao próprio envelhecimento.
Dentre os 5% de causas identificáveis, a mais freqüente é a hipertensão associada a uso de pílulas anticoncepcionais em mulheres acima de 35 anos, especialmente fumantes. Para estas mulheres, o tratamento basicamente consiste na interrupção do uso das pílulas e na cessação do tabagismo.
O estreitamento de uma ou mais artérias que irrigam os rins é uma condição relativamente rara, que causa hipertensão grave, geralmente de início súbito. A maioria destes casos (66%) ocorre em pacientes idosos e resulta do crescimento de uma placa de aterosclerose na artéria que irriga um dos rins. Os 33% restantes resultam de espessamento (fibroplasia) da parede muscular da artéria e acometem preferencialmente mulheres jovens. Esta condição pode ser diagnosticada por arteriografia renal (injeção de contraste com raios-X) mas antes disso, alguns exames não invasivos permitem reforçar a suspeita clínica (ultrassom duplex de artérias renais, cintilografia renal). O tratamento é através de angioplastia, ou seja, dilatação da artéria com balão ou de cirurgia.
Outras causas menos comuns são tumores das glândulas suprarrenais (sindrome de Cushing, feocromocitomas) cujo dagnóstico pode ser suspeitado através de exames de sangue e confirmado por tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
Como se trata a hipertensão arterial?
O tratamento da hipertensão arterial é por toda a vida. A doença, na grande maioria das vezes, não tem cura, mas tem tratamento e controle. A redução da pressão arterial por dieta, exercícios físicos, perda de peso e medicação, tem um efeito dramático na prevenção de complicações, permitido que o paciente leve vida absolutamente normal.
Mais da metade dos pacientes têm sua pressão reduzida apenas com a eliminação do saleiro e das comidas com alto conteúdo de sal, como conservas, enlatados, alimentos processados e industrializados. A perda de peso tem profundo impacto sobre o controle da pressão, muitas vezes eliminando a necessidade de medicamentos. Estes, por sua vez, reduzem o risco de infarto, falência renal e derrame cerebral, podendo e devendo ser usados quando as simples medidas dietéticas não controlam a pressão ou quando, ao exame do paciente, já se identificam sinais de agressão a órgãos nobres (órgãos-alvo). Hoje, numerosas são as classes de medicamentos destinados a controlar a pressão arterial, cada uma exercendo efeito diferente e, dentro de cada classe, há muitos medicamentos disponíveis. Por este motivo, hoje em dia é muito raro encontrarmos pacientes resistentes à combinação de agentes anti-hipertensivos.
Dente os medicamentos mais utilizados, encontramos os diuréticos, que neste caso, não se destinam a fazer com que os pacientes urinem mais, como muitos pensam. Na verdade, os diuréticos (basicamente os tiazídicos ou combinações como são administrados em baixas doses e ajudam os vasos sanguíneos a se relaxarem, conseqüentemente baixando a pressão. Os diuréticos também são comumente prescritos em associação com outros agentes em baixas doses de modo que um potencializa a ação do outro, com menos efeitos colaterais do que quando cada droga é utilizada isoladamente em doses maiores.
Os betabloqueadores (PROPRANOLOL, ATENOLOL, METOPROLOL, etc.) reduzem a força da contração cardíaca, conseqüentemente baixando a pressão. Na maioria das vezes são bem tolerados, mas podem causar depressão, fadiga e, eventualmente, impotência sexual.
Os bloqueadores dos canais de cálcio (ANLODIPINO, VERAPAMIL, DILTIAZEM, NITRENDIPINO, etc.) relaxam a musculatura das artérias e também podem diminuir a força de contração do coração. Podem provocar inchação dos pés, dor de cabeça, vermelhidão, constipação intestinal.
Os inibidores da enzima conversora da angiotensina (CAPTOPRIL, ENALAPRIL, LISINOPRIL, QUINAPRIL,RAMIPRIL,FOSINOPRIL, etc.) previnem a produção de um agente natural, a angiotensina II, um potente constritor dos vasos sanguíneos com consequente relaxamento dos vasos e queda da pressão. Estes medicamentos costumam ser muito bem tolerados, mas alguns pacientes são obrigados a suspendê-los devido ao aparecimento de tosse seca. Outros mais raramente podem desenvolver insuficiência renal, podendo, porém, ser facilmente identificados por exames de sangue antes que esta complicação ocorra.

Os inibidores dos receptores da angiotensina II (LOSARTAN, VALSARTAN, CANDESARTAN, CANDESARTAN, IRBESARTANA, etc.) são os mais novos armamentos do arsenal de drogas contra a hipertensão arterial. Seu mecanismo de ação é por bloqueio da ação da angiotensina II sobre os locais onde ela age, e não por inibição de sua produção. Por isso sua ação é parecida com a dos inibidores da enzima conversora da angiotensina, mas são excepcionalmente bem tolerados e não produzem tosse. Infelizmente, ainda são medicamentos muito caros.
Existem outras classes de medicamentos, como os vasodilatadores os alfa-bloqueadores (PRAZOSINA) os alfa-agonistas centrais (METILDOPA, CLONIDINA)e os novos inibidores da renina (ALESQUIRENO).
É preciso salientar que o controle da hipertensão arterial em diabéticos deve ser muito mais intenso, pois estes pacientes encontram-se em risco muito maior para o desenvolvimento (rápido) de lesões dos vasos sanguíneos. Para estes, é necessário garantir a obtenção de cifras mais baixas, em torno de 120/75 mmHg.
Técnicas de terapia alternativa como acupuntura e relaxamento podem ser úteis e têm ganhado mais aceitação.

A melhor abordagem para o problema da hipertensão arterial é a conscientização do público sobre seus riscos, e a necessidade de diagnóstico precoce e tratamento permanente, antes que o dano irreversível se instale. Medidas simples, não medicamentosas, mas que implicam uma modificação de hábitos de vida não saudáveis podem resolver a grande maioria dos casos

Por: Victor Teixeira 

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