sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ministro quer restringir sódio e gordura em industrializados

Alexandre Padilha afirma que fará reuniões com empresas para traçar metas de redução

Fernanda Aranda, iG São Paulo

Foto: Getty Images Ampliar
Governo quer reduzir sódio dos industrializados
O Ministro da Saúde Alexandre Padilha declarou nesta sexta-feira, 28, que vai traçar metas de redução dos índices de sódio, gorduras e calorias dos alimentos industrializados, ingredientes apontados como responsáveis pelo aumento de obesidade, hipertensão e colesterol no País.

Apesar do anúncio indicar uma provável briga com os empresários do ramo alimentício, Padilha diz que a estratégia para a vitória – ainda inédita para os gestores de saúde pública – é transformar os inimigos em aliados.

“A minha iniciativa é ganhar a indústria e fazer com que ela vire parceira de uma campanha nacional de promoção de hábitos saudáveis”, declarou ele durante encontro com os principais nomes da medicina pública e privada, realizado no hospital paulistano Sírio Libanês.
“Sou contra este negócio de passar anos e anos fazendo debates e, por conta disso, bloquear ações de promoção a saúde. O nosso passo será agora negociar com a indústria quais são estas metas de redução sódio, açúcar e gordura dos alimentos”.

O possível confronto entre o governo federal e a indústria alimentícia não inicia com a proposta feita por Padilha na manhã de hoje. A queda de braço está estabelecida, pelo menos, desde o ano passado e até agora não favoreceu os gestores da saúde nacional.
Em junho de 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – ligada ao Ministério da Saúde – baixou uma resolução que restringia a publicidade dos alimentos ricos em gordura e sódio e obrigava os anúncios publicitários a veicular mensagens de alerta sobre os riscos cardíacos desencadeados pelo consumo dos mesmos. Em setembro do mesmo ano, a Associação Brasileira de Indústria de Alimentos (Abia) venceu na Justiça a batalha e derrubou a norma antes mesmo dela entrar em vigor.

A proposta de determinar a redução dos nutrientes nocivos ao coração dos industrializados já havia sido ensaiada em novembro, quando a Anvisa – ainda sob gestão do então ministro da saúde José Gomes Temporão – divulgou estudo sobre a quantidade de sódio de 100 alimentos do ramo.

 Na época, a Agência alertou que um pacote de macarrão instantâneo, por exemplo, tinha 4,8 mil miligramas de sódio por 100 gramas de produto, índice duas vezes maior do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para ser consumido por um adulto o dia inteiro.

Na mesma pesquisa foi constatado que a quantidade de sódio na batata palha chegou a variar 14 vezes na comparação entre as marcas. O resultado foi usado pela Anvisa para mostrar que é possível para alguns produtores reduzirem as quantidades do nutriente em seus produtos. A Sociedade Brasileira de Cardiologia já alertou que até os alimentos infantis contam com excesso de sódio, como papinhas e purês e também defende a redução de sal nos produtos

A cautela com estes produtos se deve ao fato deles estarem ganhando mais espaço no prato do brasileiro. Estudo do IBGE mostrou que, enquanto o consumo de arroz e feijão caiu nos últimos dez anos, cresceu o de embutidos, salgadinhos, congelados e refrigerantes.

Uma das explicações para a mudança pode estar na enquete encomendada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) feita com 1.582 pessoas. Na pergunta sobre qual é o critério para escolher um alimento no supermercado, a categoria “ser prático” desbancou a “ser saudável”. O placar ficou 34% para a primeira contra 21% da segunda.

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