quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Conheça as 5 emoções que representam o homem contemporâneo

Há algumas décadas, cientistas e psicólogos entraram em consenso na escolha das principais emoções humanas. Alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa e desgosto foram as eleitas e o grupo ficou conhecido como "Big Six" (as seis grandes, em tradução livre). As big six representam as sensações primitivas que fazem com que todas as pessoas apresentem expressões faciais com as mesmas características dramáticas e, por mais de meio século, foram tema de intensas investigações.

Hoje, outras emoções vêm ganhando importância e se tornam cada vez mais relevantes para a ciência. Conheça as cinco emoções que representam o mundo atual, segundo o site científico New Scientist.

Elevação

Em meio à turbulência econômica vivida pelo mundo no ano passado, em especial os Estados Unidos, o discurso de posse do presidente Barack Obama foi considerado poderoso e inspirador. Enquanto Obama proferia palavras de esperança e amor, cada um de seus simpatizantes enchia os olhos de lágrimas, sentiam um formigamento atrás do pescoço e um calor no peito. Esse sentimento é o que o especialista Jonathan Haidt, da Universidade da Virgínia, rotulou de "elevação".

Elevação parece ser um sentimento universal. Embora ainda não estudadas em pré-modernas sociedades alfabetizadas, tem sido documentado em pessoas do Japão, da Índia, os E.U. e os territórios palestinos. Isso o coloca na mesma liga como o Big Six. Mas, para ser considerada como uma emoção básica também deve ter um propósito.

A elevação parece ser um sentimento universal, mas para ser considerada como emoção básica também deve ter um propósito. Haidt explicou que as pessoas sentem uma espécie de leve estrangulamento quando a experimentam, o que sugere que o nervo vago (o décimo par de nervos cranianos) tem envolvimento no processo - ele é o responsável por estimular os músculos da garganta e pescoço. A ativação desse tecido também está ligada à liberação de um hormônio chamado oxitocina, que gera sentimentos calorosos e calma. Entre outras funções, a oxitocina promove as contrações uterinas no parto e a ejeção de leite durante a amamentação.

No entanto, ao contrário das Seis Grandes Emoções, a elevação não tem como característica evidente uma expressão facial. Às vezes, as sobrancelhas podem ser levantadas como se a pessoa estivesse triste. Haidt prevê que, em breve, a elevação seja utilizada para construir a confiança, o que poderia ter particular relevância no mundo moderno para reforçar ou reparar as relações pessoais.

Interesse

Sua cabeça se move para um lado, o seu discurso acelera e os músculos em torno da testa e dos olhos abrem o rosto. É a característica própria do "interesse". Essa emoção também parece ter um propósito: de acordo com o psicólogo Paul Silvia, da Universidade da Carolina do Norte, o interesse é o que motiva as pessoas a aprender - não por dinheiro, nem por provação, mas para o próprio bem do ser humano, com o objetivo de aumentar seu conhecimento.

Daí, a importância dessa emoção no mundo moderno, já que pode ser vista como um contrapeso para o medo e a ansiedade que envolvem experiências desconhecidas. "Sem interesse, não encararíamos ou teríamos dificuldades de enfrentar coisas novas porque as pessoas tendem a ficar nervosas nessas situações", explicou Silvia. "Temos de encontrar formas de ajudar as pessoas a aprender, mesmo com a quantidade monstruosa de informações nos dias de hoje, para evitar que elas fiquem ansiosas", completou o especialista.

Gratidão

A expressão facial característica da "gratidão" ainda não foi confirmada, embora seja fácil especular que talvez possa ser um sorriso ou um mergulho de cabeça. Essa emoção motiva o ser humano a agir e faz com que ele queira reconhecer e retribuir um gesto de bondade ou de pensamento. No entanto, novas pesquisas sugerem que a gratidão pode ser mais do que apenas um mecanismo de reembolso.

A pesquisadora Sara Algoe, da Universidade da Carolina do Norte, descobriu que a gratidão deixa as pessoas mais conectadas e unidas. "Os gestos verdadeiramente pensados nos ajudam a encontrar as pessoas que vamos nos relacionar", afirmou. Por exemplo, em um relacionamento romântico, esse sentimento serve como um lembrete de quão grande é o seu parceiro. A longo prazo, segundo Algoe, "a gratidão está lá para ajudar a promover um ciclo positivo de dar e receber, criando uma espiral ascendente de satisfação no relacionamento".

Se Algoe estiver correta, a gratidão tem grandes benefícios em potencial no mundo moderno. "Relações de alta qualidade são boas para nossa saúde", observou Barbara Fredrickson, colega de Algoe. A pesquisadora sugere em seu livro, entitulado Positividade, que o cultivo da gratidão pode aumentar a harmonia social, promover a rotatividade do trabalhador e o voluntariado nas comunidades, e diminuir o crime, o lixo e o desperdício de recursos.

Orgulho

O sentimento arrogante do orgulho é considerado o mais moral de todos os sete pecados capitais. No entanto, o orgulho também pode ser nobre. Pode estar ligado a uma conquista, à realização exitosa de um objetivo, a um mérito pessoal. Foi isso que levou Jessica Tracy, da University of British Columbia, em Vancouver, Canadá, a distinguir entre orgulho presunçoso e orgulho autêntico.

Embora o orgulho se manifeste de maneiras diferentes, nós não conseguimos distingui-los pela aparência. Ambos nos fazem erguer a cabeça e erigir costas e braços para parecermos mais altos. Além disso, o orgulho - em contraste com outras emoções básicas - não é algo que se note tanto através da expressão facial.

Outra diferença é que o orgulho é uma emoção auto-consciente, como vergonha ou culpa: ele exige que saibamos avaliar a nós mesmos. Precisamos saber quem somos e o que queremos e podemos para avaliar o efeito de alguma conquista. Tracy, todavia, acredita que o orgulha possa ser uma emoção básica. Ela sugere, em suas pesquisas, que a expressão física do orgulho é conhecida em tribos pré-literárias e isoladas.

Mas por que haveria dois tipos de orgulho? Estar orgulhoso está, como vimos, associado ao sentimento de fazer algo bem - o que, por sua vez, está ligado a ganhar respeito dos outros, a possuir status. Sobre isso, Joe Henrich, da UBC, identifica igualmente dois tipos: status baseado em dominância física e violência, típico do mundo animal selvagem, e status de prestígio, construído a partir de conhecimentos e habilidades. O primeiro tipo status, diz Tracy, se relaciona com o humor presunçoso, que tem por natureza a agressão. Já o segundo status é típico do orgulho autêntico, baseado em conquistas duramente construídas e comportamento altruísta.

Confusão
Trata-se de um sentimento que todos nós já sentimos, seja lendo um livro complicado ou caminhando por uma cidade desconhecida. Mas, mesmo assim, é um sentimento de difícil descrição. Dacher Keltner, da University of California, descreve a confusão como um sentimento de que o ambiente está fornecendo informação insuficiente ou contraditória. Mas será a confusão, de fato, uma emoção?

Para alguns psicólogos, a ideia é escandalosa. Outros descrevem confusão a experiência mais limítrofe possível. Mas alguns pensam que a confusão poderia ser sim um sentimento básico: as sobrancelha franzem, os olhos se afinam, os lábios se mexem, "você sabe reconhecer a confusão quando a vê".

Para que serve, então, a confusão? É uma emoção baseada em conhecimento, da mesma família que interesse e surpresa. Seria, por exemplo, o modo que o nosso cérebro encontrou de nos contar que o nosso modo de pensar sobre as coisas não está funcionando, que nosso modelo mental do mundo tem falhas.

A confusão pode nos fazer desistir - ou também nos motivar para mudar nossa atenção ou refinar nossa estratégia de aprendizado. Também se pensa que a expressão da confusão teria a função de alertar nossos companheiros de que estamos precisando de ajuda. Isso faria da confusão um instrumento de socialização.

Fonte: Portal Terrapublicidade

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