terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Maldita insônia

Confira as dicas para dormir melhor

Noites mal dormidas jamais devem ser subestimadas ou atribuídas ao estresse causado pela rotina. A insônia, mesmo não sendo frequente, pode ser o alerta vermelho para a depressão e a ansiedade. Falta de sono também pode resultar em obesidade e risco aumentado para doenças cardiovasculares, como hipertensão, infarto e doenças das coronárias. Além disso, mulheres na menopausa sofrem mais com o problema.

Sinal vermelho para as mulheres

De acordo com o neurologista e neurofisiologista Flavio Alóe, médico assistente do Centro Interdepartamental para os Estudos do Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, o contingente de mulheres atingidas pela insônia é até três vezes mais do que o de homens. As causa disso: as múltiplas funções desempenhadas por elas na sociedade.
A predisposição feminina para a insônia, entretanto, não é causada somente pelo estresse da tripla jornada (trabalho, família e casa). Genética e os hormônios têm papéis cruciais no problema. A ginecologista Helena Hachul, responsável pelo ambulatório de distúrbios do sono na UNIFESP, ressalta os reflexos negativos das variações hormonais e a tensão pré- menstrual. “Mesmo durante o ciclo menstrual, há variações no sono: tanto na quantidade quanto na qualidade. A insônia acomete cerca de 30% das mulheres e na menopausa este número chega a dobrar”.


Diferentes graus de insônia

Flavio Alóe explica que as mulheres não consideram a insônia uma doença a ser tratada e deixam de relatá-la nas consultas ao médico. “Dormir mal à noite resulta em déficit durante o dia. Os afetados se queixam de cansaço, alteração de memória e mau funcionamento do raciocínio” explica.
Helena Hachul acrescenta que a insônia também pode ser consequência da higiene inadequada do sono ou decorrente do uso de algumas medicações. “Há também insônia associada a distúrbios respiratórios do sono”, explica a ginecologista.

A insônia aguda é configurada após quatro semanas de noites mal dormidas. Após esse prazo, a doença é considerada crônica. Este estágio é o que atinge a maioria dos pacientes que acabam procurando o neurologista. “Estas pessoas consomem mais remédios, faltam mais ao trabalho, e têm relações interpessoais mais pobres com amigos e familiares.

Quando a insônia se torna crônica, só resta recorrer aos tratamentos de longo prazo e ao uso de medicação. Aliado a isto, é importante melhorar os hábitos de vida: adotar uma dieta mais saudável e praticar atividades físicas. Ter horário fixo para dormir e evitar alimentos excitantes como café, chá, chocolate e álcool é outra dica importante. Em alguns casos, exercício físico e sexo perto da hora de dormir também devem ser evitados.

Quem precisa tratar o problema com o uso de medicamentos para dormir deve ter cuidado. Os efeitos colaterais dos medicamentos usados para combater a insônia são muito parecidos com os do antidepressivo. As reclamações mais comuns das pacientes são boca seca, retardo do orgasmo e alteração da libido. É importante lembrar que o tratamento deve ser feito com a orientação de um médico experiente e especializado.

Dicas para dormir melhor

- Tente dormir sempre no mesmo horário
- Só vá para a cama quando estiver com sono
- O quarto deve ser um ambiente escuro, silencioso e com temperatura agradável
Não fique olhando para o relógio
- Evite “tentar dormir”, isso agrava a ansiedade
- Não assista à televisão na cama
- Não deite com fome ou sede
- Evite refeições pesadas à noite
- Não faça exercícios físicos antes de dormir
- Passe longe de alimentos ou bebidas com cafeína e álcool

Causas da insônia na menopausa

- Ondas de calor
- Alterações de humor
- Mudanças sociais (os filhos saindo de casa, aposentadoria, etc.)
- Redução hormonal (perda de estrogênio e progesterona)

Os tratamentos

- Boa qualidade de vida, com alimentação saudável e exercícios
- Medicamentos ansiolíticos, antidepressivos ou indutores do sono (sempre com acompanhamento médico)
- Apoio e acompanhamento psicológico
- Técnicas de relaxamento como ioga, meditação e massagem
- Reposição hormonal (na fase de climatério) caso necessário

Vladimir Maluf, especial para o iG São Paulo

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