O Fitz Roy é uma montanha de 3,4 mil metros, na fronteira entre Argentina e Chile, na região da Patagônia. A cidade mais próxima é El Chaltén, ponto de encontro de alpinistas do mundo inteiro, que chegam em busca de desafios nas várias montanhas da região. Mas poucos se arriscam no Fitz Roy, considerado um dos mais difíceis do mundo para escaladas.
No primeiro dia do ano, os cariocas Bernardo Collares e Kika Bradford, depois de muito treino, seguiram em direção a ele. Era a terceira tentativa da dupla.
Olhando para o Fitz Roy de El Chaltén, parece que ele está perto da cidade. Mas só para chegar até sua base, Bernardo e Kika caminharam 15 horas. Para chegar perto do seu cume, foram quase dois dias de escalada.
Chegar no pico desta montanha é um grande desafio para qualquer alpinista. Suas paredes verticais exigem muita técnica. E o clima na região é traiçoeiro e muda de uma hora para outra. Os ventos chegam a até 150 km/h.
E foi essa situação que Bernardo e Kika encontraram. Faltando apenas 400 metros para eles alcançarem o cume, foram surpreendidos por uma tempestade de neve. Imediatamente, a dupla de alpinistas desistiu de continuar.
Logo no início da descida, a corda de Bernardo se soltou. Ele caiu de uma altura de 20 metros, o equivalente a um prédio de sete andares. Seu corpo bateu em uma pedra a uma velocidade de aproximadamente 70 km/h.
Segundo relatos de sua companheira de escalada, Bernardo possivelmente estava com a bacia quebrada, com hemorragia interna. E ele próprio teria pedido a ela para descer e buscar socorro. Kika só conseguiu chegar ao acampamento base quase dois dias depois.
“Eles conversaram lá na situação. Ainda muito ferido, ele conseguiu conversar com a Kika. Ela deixou comida, bebida, um saco de dormir com ele. Isso tudo no meio de uma tempestade, com a temperatura muito baixa. E ela desceu para pedir ajuda”, explicou Seblen Mantovani, montanhista e fotógrafo.
No último sábado, a irmã o alpinista se reuniu com autoridades da Argentina e juntos tomaram uma decisão: apesar da melhora do clima, não vai haver resgate. O corpo de Bernardo Collares vai ficar para sempre no alto do Fitz Roy.
Bernardo tem 46 anos, era considerado um alpinista experiente. Era presidente da Federação Carioca e da Confederação Brasileira de Montanhismo. Não era casado e também não tinha filhos. “Que ele fique na montanha, porque ele estava exercendo o ofício que ele mais gostava. E ele está no local que ele sonhou. Acho que ele gostaria mesmo de ficar por lá”, concluiu a irmã.
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