A avaliação
técnica nos dirá o que está mais fixado motoramente falando. Com o
período de inatividade das férias, os movimentos técnicos que estavam
sendo apenas esboçados, mas que ainda não haviam sido sedimentados por
um número consistente de repetições, terão se perdido. Restarão apenas
os elementos de nados que já estavam mais fixados pela prática, para o
bem (no caso dos movimentos corretos) ou para o mal (no caso dos erros e
vícios de movimento).
Do ponto de vista físico, tenho por prática profissional efetuar uma avaliação
de meus alunos do aperfeiçoamento, logo no início do ano, através de um
teste de 12 minutos (Cooper na água). A distância nadada nos dirá como o
aluno está em relação à sua última marca e ao seu recorde pessoal,
ajudando-nos a planejar o volume e a intensidade dos treinos iniciais do
semestre.
E
é neste momento que um fenômeno interessante ocorre: ao contrário das
expectativas de muitos de meus monitores menos experientes, vários
alunos apresentam performances superiores às suas últimas marcas,
conseguidas no auge do trabalho do semestre anterior. Como isso é
possível? Como pode um aluno melhorar seu teste de 12 minutos após 60
dias ou mais sem praticar Natação?
Bem, é que aí fica evidenciado o terceiro componente da evolução da resistência no aprendiz de Natação. Terceiro porque os dois primeiros são bem conhecidos: 1. As mudanças fisiológicas típicas do trabalho de resistência
em si (aumento do número de mitocôndrias nas fibras musculares, melhora
da capilarização muscular, fortalecimento miocárdico, melhora da
eficiência pulmonar, etc.); 2. Melhora da técnica dos nados, que
permitem uma movimentação energeticamente mais econômica, direcionando
forças para o desempenho propriamente dito.
Este
terceiro fator (acredite) nada tem a ver com o nosso trabalho: é o
crescimento e desenvolvimento físico de nossos alunos. Crianças que saem
de férias não se exercitam de maneira metódica, mas não deixam de
crescer e de desenvolver-se fisicamente. Este processo fisiológico
natural e ininterrupto em alunos jovens nos traz de volta às aulas um
aluno com alavancas melhoradas pelo estirão de crescimento, mais
coordenado, com uma cognição mais determinada e dedicada aos treinos,
enfim, mais amadurecido para a Natação como modalidade.
São
os reflexos deste processo que muitas vezes se revelam isoladamente num
desempenho surpreendente para alguém que está apenas retomando as
aulas.
E
não nos esqueçamos que até o final da adolescência, este fator está
sempre presente, nós é tendemos a não considerá-lo, superestimando os
efeitos de nossa ação profissional.
Por: Portal da Educação Física
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