Perigo dos excessos físicos
Início do ano, verão alto e lá vão muitos caprichar no físico, para não aparecerem os "defeitos". Sem exceções, os que podem, vão às academias ou contratam preparadores pessoais (personal trainner), a maioria corre ou caminha no Parque, no clube etc, todos com a boa intenção de saúde total e de esculpir um corpo maravilhoso!!!!
Esquecem que nós humanos não somos 100% sem defeitos, o limite entre vários pequenos defeitos e os sem defeitos é praticamente indistinguível. Agora, o mais importante é saber quando? Em nosso treinamento físico, o que era pouco passou a se transformar em muito e depois de alto risco. Seria a pratica de atividade física intensa um fator de piora de algum defeito que estava adormecido? Várias pesquisas inclusive nossas, em cardiologia aplicada ao esporte, foram constatados que os pequenos problemas do coração de iniciantes no esporte, caso não sejam cuidados com a devida atenção, sem dúvida, irão causar riscos sérios no futuro, justamente quando muitos dos atletas poderão estar bem profissionalmente e nada os convencerá abandonar o esporte (lembram-se dos casos dos futebolistas cardíacos ainda vivos e os infortunadamente falecidos?)
Vamos relembrar a todos que respeitem os limites físicos, não forcem, mesmo quando ainda acharem estarem suportando o desenvolvimento do exercício. O que vemos principalmente nas academias é exatamente isso, o erro do vamos malhar muito para logo atingir o objetivo. Sigam as orientações para atingir o auge em 12 a 14 semanas e não menos, afinal não somos profissionais.
Procurem academias bem estruturadas e organizadas, pois existem muitas, com mensalidades baratas, mas com equipamentos sem manutenção e ultrapassados, o que aumenta os riscos de acidentes gerais e de problemas ortopédicos.
Para maior segurança da população foi assinada recentemente, a nova lei municipal que exige equipamentos de salvamento (desfibriladores semi-automáticos) e leigos treinados em emergências, nas academias, estações rodoviárias, aeroportos, shoppings e locais com mais de 1500 pessoas.
Encerro afirmando que excessos de horas (mais de uma hora por vez), excessos de intensidade (esperar sentir dores para então parar o exercício), excesso de dias ativos fisicamente (sem intervalo de dia de descanso na semana), excesso de peso não combatido que piora o trauma nas articulações nos exercícios na esteira, além de não trazerem benefícios, elevam os riscos cardiovasculares e ortopédicos.
Nabil Ghorayeb
Sociedade Brasileira de Cardiologia